terça-feira, 1 de dezembro de 2009

PADRE MÁRIO DE OLIVEIRA EM S.JOÃO DA MADEIRA (03.12.2009, Quinta-feira,21H30)





Na próxima quinta-feira, dia 3 de Dezembro, S. João da Madeira acolherá uma das figuras mais polémicas de Portugal. Trata-se do célebre Padre Mário de Oliveira. Autor de mais de trinta obras, entre as quais o célebre livro “Fátima Nunca Mais” (Campo das letras, 1999), polémico por criticar o culto de Nossa Senhora de Fátima e o negócio que se gerou à volta dele. A sua deslocação à cidade, prende-se com a apresentação da sua última obra “Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação”.
A apresentação e a venda da obra terão lugar no Art7Menor Bar, a partir das 21H30 e contará no final com uma pequena sessão de autógrafos. Os lucros da venda da obra reverterão para a continuação das obras na Casa da Cultura de Macieira de Lixa. O livro em questão custa dezanove Euros.



A OBRA

Segundo o autor, a sua última obra deveria ser publicada a título póstumo, de modo a evitar alimentar mais “ódio teológico-idiolátrico” por ser “aquele que mais exclui, excomunga e mata” no seu entender, uma vez que o seu último livro vem por a descoberto as máfias que se escondem por detrás de todas as cúpulas das religiões/Igrejas, juntamente com as cúpulas do poder político e do poder económico-financeiro. Um livro polémico que, segundo o seu criador, “nem José Saramago, António Lobo Antunes ou José Rodrigues dos Santos teriam a coragem de escrever”, contra uma sociedade materialista e consumista que se desligou da sua essência divina, carregada com uma mensagem de esperança e de amor, baseada na fé cristã e na palavra de Jesus Cristo, livre de todos os artifícios e mistificações.



O AUTOR

Mário de Oliveira nasceu a 8 de Março de 1937, em Lourosa, Feira. Foi ordenado Padre/Presbítero da Igreja do Porto, a 5 de Agosto de 1962. Desde Março de 1973, foi coadjutor da Paróquia das Antas por decisão pessoal do Bispo António Ferreira Gomes. Foi Professor de Religião e Moral nos Liceus Alexandre Herculano e D. Manuel II no Porto e Capelão Militar na Guiné Portuguesa (Hoje, Guiné-Bissau), onde foi expulso ao fim de quatro meses por pregar o evangelho da paz aos soldados. Foi Pároco em Paredes e Valadares onde levou a sério a sua missão de evangelizar os pobres, o que lhe valeu a exoneração, ao fim de catorze meses, decidida pelo então Administrador Apostólico da Diocese, o Bispo Florentino de Andrade e Silva. Pároco de Macieira da Lixa, concelho de Felgueiras, em cujo exercício foi preso duas vezes pela PIDE. Depois da Revolução do 25 de Abril de 1974, dedica uma intensa actividade ao jornalismo e à escrita, acabando por participar em jornais locais como O Correio do Minho, acabando por fundar o jornal “Fraternizar” de que é director e redactor principal, há vinte e dois anos consecutivos, e escrever mais de trinta obras, todos fecundamente polémicos.

Nota: O bar Art7menor situa-se na Avenida Renato Araújo, por baixo do centro comercial Galerias Avenida, em frente ao Centro Coordenador de Transportes.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

CONFRONTO POÉTICO II EM S.JOÃO DA MADEIRA




Para quem perdeu o Primeiro Confronto poético de Setembro, o Art7Menor Bar tem a honra de mais uma vez apresentar mais o mesmo espectáculo, agora em moldes diferentes e com os mesmos protagonistas da primeira série.

O evento terá lugar no dia 8 de Outubro, Quinta-Feira, pelas 22Hoo, no bar em questão.

Após o Espectáculo, haverá sessão de declamação poética livre aberta a todos os que quiserem participar.

solta o Poeta/Declamador que há dentro de ti!

Atreve-te!

Conto convosco!

Entrada: 2 €

Lembrar Al Berto (1948-1997)



HORTO

homens cegos procuram a visão do amor
onde os dias ergueram esta parede
intransponível

caminham vergados no zumbido dos ventos
com os braços erguidos - cantam

a linha do horizonte é ma lâmina
corta os cabelos dos meteoros - corta
as faces dos homens que espreitam para o palco
nocturno das invisíveis cidades

escorre uma linfa prateada para o coração dos cegos
e o sono atormenta-os com os seus sonhos vazios

adormecem sempre
antes que a cinza dos olhos arda
e se disperse

no fundo do muito longe ouve-se
um lamento escuro
quando a alba se levanta de novo no horto
dos incêndios

prosseguem caminho
com a voz atada por uma corda de lírios
os cegos
são o corpo de um fogo lento - uma sarça
que se acende subitamente por dentro.

Al Berto, Horto de Incêndio, 1997

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

TIAGO MOITA NO HI5

Tiago Moita aderiu à famosa rede hi5!

Quem quiser visitar, dirija-se a:

http://tiagovasconcelosmoita.hi5.com

CURTA 2 - 2ª Mostra de Curtas Metragens de S. João da Madeira






A CURTA - Mostra internacional de Curtas-Metragens de S. João da Madeira está de volta, de 16 a 18 de Julho, sempre a partir das 21H30, no auditório dos Paços da Cultura de S. João da Madeira! a entrada é gratuita.


Depois do êxito de 2008, a associação cultural Teia dos Sentidos apresenta a segunda edição da CURTA, que este ano oferece workshops gratuitos relacionados com a sétima arte.


"AZEITONA" abre a mostra das curtas, no dia 16 (quinta-feira). É um projecto cinematográfico de 36 minutos, inspirado na vida e obra de Manuel de Oliveira, realizado por Ana Almeida, Humberto Rocha, João Gazua e Luís Campos, alunos do Mestrado em Cinema - Realização da Universidade da Beira Interior. O filme conta com o elenco de actores bem conhecido do público, como Orlando Costa, Teresa Madruga, Rui Santos ou Fernando Taborda.


No dia 18, haverá workshops gratuitos para todas as idades: desde oficinas de Pinhole e Cianotipia a um seminário de iniciação ao guionismo com a projecção do filme "Adaptation" do realizador Daniel Algrant.


Durante a tarde, será exibida a longa metragem "Rasganço" da cineasta Raquel Freire, que, à noite, fará o encerramento da mostra. A projecção do filme está sujeita a confirmação.


A CURTA faz parte do programa do AECI (Ano Europeu da Criatividade e Inovação 2009) em Portugal.


mais informações em http://acurtasjm.blogspot.com/


ORGANIZAÇÃO:


Teia dos Sentidos - Associação Cultural


Rua Vale de Cambra, nº 203


3700-297 S. João da Madeira



quinta-feira, 11 de junho de 2009

SOBRE O FILO-CAFÉ "A DOENÇA"

Poesia, discussão, filosofia, manifestos, memória, música, performance, erotismo num ambiente onde nem faltou espaço para o hip-hop e danças de salão, assim foi mais um Filo-Café da Incomunidade onde eu não podia deixar de estar presente.

Aqui ficam algumas fotos do evento:

(Da cortesia de Nelson Silva)



Alberto Augusto Miranda




Bruno Resende




Uma participante do Filo-Café



Eva Mendez Doroxo (Ao centro) Com Elisabete Pires Monteiro
E Alexandre Teixeira Mendes



João Fragoso, Presidente da Palimage



Aurelino Costa declamando um dos seus poemas



Teixeira Moita numa das suas (in)tervenções (ex)citantes



Eva Mendez Doroxo numa declamação "Hardcore" (1º Escalão)



Tiago Moita (ao microfone) expondo uma das suas opiniões




Alexandre Teixeira Mendes no meio de uma conversa
entre Teixeira Moita e Elisabete Pires Monteiro



A performance de dança Hip-Hop dos "A.A.E Crew"




Aurelino declamando um poema "Anti-Fascista" (25 de Abril Sempre!)



Um pormenor da plateia do Filo-Café



Santiago Macias



Elisabete Monteiro declamando um poema



Um participante do Filo-Café

VESTIDO DE SALVAÇÃO

Os meus nervos são fissuras
de castanho poente à luz

a luz come-se com jangadas de tristeza
nas madrugadas esfomeadas
e a noite foi feita para partir
os espelhos
e os esconderijos são abutres pintados
com sal

ardem sonhos de volúpia
nos vídeos esborrachados de sangue
os crânios quebrados com dinamite
e espadas cortando a nossa carne
no pescoço
explodem

e explodem navios imberbes
com cascos naufragados das ilusões
desvios crustáceos de sono
tombados na funesta neblina das marés

náuseas revolteando nas almas
almas com náuseas revolvidas com tambores
e sal misturado com areia nas praias

as árvores são bosques antigos onde não nos
encontramos

deixem correr o mar deixem
deixem os pedaços do tempo embater em icebergues
deixem os cascos com barcos altos de fumo
enfumar-se na distante selva da orla

porque nós nada disto somos
ossadas compõem nossas paredes gastas
na arruaçada
e somos fragilidades empastadas
de lagoas secas no interstício

bate nas estradas velocissimamente
enlutado bate
bate raspando as lápides
do destino bate
porque a existência um dia te murmurará:
parte para onde as lágrimas desvelem
parte para onde o mundo se intercepte de vestidos
porque o sol cai nas vielas com frio
e nós tombamos cuspidos pela tísica foice
da salvação

abramos o vestido.

Carlos Filipe Vinagre
"Moluscos de Mântua" (Incomunidade, 2009)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Filo-café A DOENÇA em Espinho



Filo-Café: A Doença
6 de Junho de 2008, 21h30
Junta de Freguesia de Espinho
Rua 23, , nº 271
Espinho
Áreas de Emissão:Pensamento, Fotografia, Música, Performance, Poesia, Pequenas-Comunicações, artesanato, Filosofia, Semiótica, Pintura, Escultura.
As obras relativas às Artes Visuais devem ser instaladas, no espaço, entre as 14h e as 18h do dia 6 de Junho.
Será apresentado o último livro de Carlos Vinagre:
Moluscos de Mântua de Carlos Pinto Vinagre
O Filo-Café admite colaborações virtuais (texto ou imagem) que serão publicados no blogue da Incomunidade
Um Filo-Café é, no essencial, um espaço público de trocas. Real. Com pessoas vivas, para lá do virtual. A partir de um tema, há uma pequena troca de comunicação (não superior a dez minutos) que serve para estimular a emissão do pensamento aberta a todos os presentes. No meio das trocas de pensamento surgem emissões artísticas: Pequenas performances, música, poesia, etc. Isto é: a conversa é espontânea, a emissão é artística é "preparada" antecipadamente. No espaço onde se realiza o filo-café há também lugar para a exposição de fotografia, pintura, escultura, instalação. É efémero. A participação na conversa é absolutamente livre. As inscrições, livres, destinam-se às pessoas que querem apresentar algum trabalho artístico.
Inscrições (em permanente actualização):
Eva Mendez Doroxo (Barcelona, Poesia); Nelson Silva (Porto, Pensamento); Elisabete Pires Monteiro (Porto, Pintura); Carlos Silva (Porto, Fotografia); Alexandre Teixeira Mendes (Porto, Pensamento); Carlos Azevedo (Lisboa, Poesia); Elisabete Monteiro (Santa Maria da Feira, Poesia); Aurelino Costa (Argivai, Poesia); Hugo Calhim Cristóvão (Porto, Teatro); Carlos Pinto Vinagre (Espinho, Poesia); Ana Marina Pereira (Porto, Música); Fernando Morais (Amarante, Ideias); Manuel Lourenço Fernandes (Porto, Música); Teixeira Moita (Porto, Música); João Bezerra (Espinho, Ideias); Ricardo Gonçalves (Anta, Ideias); Vitor Villaça (Ruilhe, Ideias); Gustavo Marques (Espinho, Poesia); Gerardo Queipo (Ponferrada, Cerâmica); João Sá Fardinha (Granja, Ideias); Ana Úrsula (Maia, Dança); Fabíola Fernandes (Viana do Castelo, Performance); Santiago Macias (Ponferrada, Memória Histórica); Hermínio Chaves Fernandes (Vilar, Teatro); Alberto Augusto Miranda (Inc.); Júlia Moura Lopes (Gaia, Poesia); Manuel Azevedo (Vancouver, Ideias); Susana Guimarães (Gaia, Poesia); Narcisa Barbosa (Gaia, Artes Visuais); Anabela Brasinha (Porto, Ideias); Guilhermre Rodrigues (Lisboa, Música); Inês Andraney (Porto, Ideias); A.A.E Crew (Espinho, Música); Manuela Vaz (Matosinhos, Fotografia); Bruno Resende (Porto, Artes Visuais); Tiago Moita (S. João da Madeira, Ideias).

domingo, 22 de março de 2009

A APRESENTAÇÃO DO LIVRO "A INEXISTÊNCIA DE EVA" DE FILIPA LEAL EM SÃO JOÃO DA MADEIRA (19.04.2009)


A EVA INEXISTENTE

Esta foi, sem dúvida, uma semana de muitas surpresas. Sempre me habituei a esperar o impossível quando começava, todos os anos, a cada mês de Março, a campanha cultural "Poesia à Mesa" e este ano não foi uma excepção.

Foi só na semana passada, dia 12 de Março, que fui assaltado pela surpresa de saber que, uma das poetas (nunca gostei do termo "poetisa" porque, tal como a Poesia, o poeta não tem género; é universal) homenageada era, nada mais nada menos, que a Filipa Leal, a tal jornalista e poeta portuense que conheci no dia 11 de Abril de 2007, na minha terra, São João da Madeira, aquando da apresentação do seu segundo livro de Poesia "A Cidade Líquida e Outras Texturas" (Deriva Editora, 2006), obra que, nesse ano, chegou à 2.ª Edição.

É verdade que, desde esse ano, fiquei ainda mais intrigado e fascinado pela chamada "novíssima Poesia contemporânea portuguesa", que despoletou a partir de 2005 em Portugal e trouxe à ribalta poetas como Daniel Jonas, Joana Serrado, Catarina Nunes de Almeida e Filipa Leal - uma mulher que, desde então, encantou-me, quer pela sua Poesia, quer pela sua beleza etérea e personalidade forte. Quando fiquei a saber que ela tinha sido despedida do jornal "O Primeiro de Janeiro", em 2008, confesso que não esperava vê-la mais na minha vida. Daí o meu espanto, daí a minha ansiedade. 

Loucura ou puro instinto, dirigi-me à Livraria Santo António no dia 18 de Março e comprar, de uma assentada, três exemplares dos três último livros da escritora, jornalista e poeta portuense - a viver actualmente em Lisboa desde o fim do ano passado. A saber: "A Cidade Líquida e Outras Texturas" (2006), "O Problema de ser Norte" (2008) e o seu mais recente poemário "A Inexistência de Eva" (2009). A breve leitura que fiz a cada um deles comprovou a qualidade, irreverência e talento desta jovem poeta. Mas as surpresas não ficaram por aqui.


Da esquerda para a direita: Maria Helena Cruz, directora da 
Biblioteca Municipal de São João da Madeira, Filipa Leal e 
Germano Nunes.

Na quinta-feira, dia 19 de Abril de 2009, Filipa Leal foi convidada a apresentar o seu mais recente poemário na Biblioteca Municipal Dr. Renato Araújo em São João da Madeira, uma vez que era uma das poetas homenageadas no "Poesia à Mesa" deste ano. Mesmo tendo sido anunciada à última hora e apanhou do admiradores da sua obra, como eu, de surpresa. Atempadamente, tratei de levar os exemplares que comprei, no dia seguinte, jantar cedo e correr o mais depressa possível em direcção à Biblioteca Municipal da minha terra.

Em relação há três anos, o pequeno auditório da Biblioteca Municipal de São João da Madeira ficou mais preenchida. Talvez pelo facto da Filipa ser homenageado na "Poesia à Mesa" deste ano ou pela fama que a poeta foi obtendo ao longo dos últimos anos, que fez com que mais pessoas acorressem, naquela noite fria e nebulosa de Março, para conhecer de perto esta lindíssima poeta portuense  e uma das maiores revelações da Poesia Contemporânea Portuguesa do século XXI, segundo o JL em 2006.

A sessão de apresentação do novo poemário de Filipa Leal - essa encantadora poeta que, mal me avistou e eu refresquei a sua memória acerca da minha identidade, reconheceu-me, perguntou por mim e presenteou-me com o seu olhar cristalino e sorriso platinado, quando se sentou ao meu lado para escutar, por breves segundos, parte do meu (pequeno) percurso literário - fora dividia em três partes:

A primeira parte fora feita pela minha amiga e directora da Biblioteca Municipal Dr. Renato Araújo, Dr.ª Maria Helena Cruz que, ao falar do percurso da poeta, revelou a todo o público presente que aquela era a 3.ª vez que a Filipa vinha a São João da Madeira, uma vez que a primeira vez fora em 2003, quando ela participou, enquanto "diseur" convidada pelo colectivo "Fábrica dos Movimentos" - onde constavam nomes como Paulo Condessa, Nuno Moura, Ada Pereira da Silva e o Poeta Daniel Jonas - na primeira campanha cultural "Poesia à Mesa". Alarme. Não queria acreditar naquilo que tinha acabado de ouvir. Apenas uma frase ecoou na minha mente: "Queres ver que é ela?"


Filipa Leal

A segunda parte fora levada a cabo pelo amigo da Poeta, Germano Nunes. O amigo da Filipa fez uma apresentação muitíssimo engraçada e bem-disposta, revelando mais os atributos e qualidades pessoais da sua amigo e daquilo que sentia por ela do que a obra em si.


Filipa Leal com o seu amigo Germano
Nunes

A terceira e última parte da sessão coube à estrela do momento. Filipa agradeceu a todos os presentes e começou a falar um pouco mais acerca do seu novo livro. Segundo a Poeta "Este livro foi escrito há muito tempo" porque "primeiro, na altura em que começou a escrevê-lo, não tinha editora, e segundo, porque ia lançar "A Cidade Líquida e Outras Texturas". 

Este é um livro que fala de uma mulher dentro de uma sala branca. Eva. uma mulher sem memória, atormentada por uma voz muito próxima, a voz da consciência - individual e colectiva - que, segundo a poeta, assemelha-se à voz da tentação - desejo muito próximo do "consequente, inevitável e antiquíssimo "Medo de Existir"". No fim, declarou que "A Inexistência de Eva" é "um livro que recusa o pânico". 


Finda a sessão, consegui autógrafos aos 3 exemplares dos seus três últimos poemários, tirei fotos com ela e os seus amigos Germano Nunes e Mafalda Capela - fotógrafa que criou a foto de capa do seu último livro de Poesia - e trocámos dois dedos de conversa. Uma noite memorável graças à presença de uma pessoa inesquecível como a Filipa Leal.


Tiago Moita com Filipa Leal (ao centro) e Mafalda Capela.

Quando cheguei a casa encontrei a foto de uma rapariga que participou no "Poesia à Mesa 2003" e que me encantou de tal maneira que, entre Março e Abril de 2004, andei à procura por São João da Madeira, qual príncipe enamorado à procura da sua cinderela, julgando ser uma sanjoanense. Esta é a foto da rapariga que eu andava à procura há cinco anos atrás:


Filipa Leal 
(Poesia à Mesa 2003)

Tiago Moita.

quarta-feira, 18 de março de 2009

TIAGO MOITA PRESENTE NA CAMPANHA "POESIA À MESA 2009"


No programa cultural "POESIA À MESA 2009", o escritor Tiago Moita vai mais uma vez participar na peregrinação poética pelos bares da cidade de S. João da Madeira ao lado de José Fanha, Rita Salema e João Maria Pinto. O evento terá lugar nesta sexta-feira, dia 20 de Março.
O evento começa a partir das 21H30 na Biblioteca Municipal da região.
Para além da sua presença na peregrinação poética, Tiago Moita participou no projecto "O MAIOR POEMA DO MUNDO" organizado pela Associação Cultural TEIA DOS SENTIDOS com o seguinte verso:
TEMPO, LIBERDADE EM FLOR
METAMORFOSE EM MOVIMENTO
BEIJO HÚMIDO QUE FAZ DO AMOR
UMA ETERNIDADE SEM DOR NEM TEMPO
O MAIOR POEMA DO MUNDO vai ficar em exposição na Biblioteca Municipal até dia 22 de Março.

FILIPA LEAL EM S.JOÃO DA MADEIRA

É já nesta quinta-feira, dia 19 de Março, pelas 21H30 que S. João da Madeira tem o prazer de receber mais uma vez a escritora e poeta Filipa Leal.

O motivo da sua presença deve-se à apresentação do seu último livro "A inexistência de Eva" (Deriva Editores)

Compareçam!

Sobre a autora:


Filipa Leal nasceu no Porto em 1979. Formou-se em Jornalismo na Universidade de Westminster, em Londres, e é mestre em Estudos Portugueses e Brasileiros pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde apresentou a dissertação sobre os "Aspectos do cómico na poesia de Alexandre O'Neill, Adília Lopes Jorge Sousa Braga." Jornalista, fez uma breve incursão pela rádio e é editora do suplemento "Das Artes e Letras" no diário O Primeiro de Janeiro. Depois de um ano de formação no Balleteatro do Porto, começou a participar, em 2003, em recitais de poesia no Teatro do Campo Alegre, ciclo do qual faz parte. Integrou o primeiro Encontro Internacional de Escritores da Galiza (2006), A Festa da Poesia, em Matosinhos (2007), e a nona edição do Correntes d'Escrita (2008). Está representada nas antologias "Uma luz de Papel" (Ed. Eterogémeas, 2007) e "Pathos", do colectivo A Musa ao Espelho (Gaialivro, 2007). Tem colaborações dispersas nas revistas Egoísta e Mealibra. Participa nos Seminários de Tradução Colectiva de Poesia da Fundação da Casa de Mateus.

Outros Livros da Autora:
  • LUA-POLOROID (Ficção), 2003, Corpos Editora;


  • TALVEZ OS LÍRIOS COMPREENDAM (Poesia), 2004, Cadernos do Campo Alegre


  • A CIDADE LÍQUIDA E OUTRAS TEXTURAS (Poesia), 2006/ 2ª ed. 2007, Deriva


  • O PROBLEMA DE SER NORTE (Poesia), 2008, Deriva.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Projecto "O MAIOR POEMA DA CIDADE" (16 de MArço, Biblioteca Municipal de S. João da Madeira


OUTROS OLHARES: JULIANA SEABRA


"FECUNDAÇÃO" e "ALÍVIO" (Elisabete Monteiro)



"Fecundação"



"Alívio"

"SINOPSE" de Herberto Hélder


Sinopse:
Engoli água. Profundamente: — a água estancada no ar.
Uma estrela materna.
E estou aqui devorado pelo meu soluço,
leve da minha cara.
O copo feito de estrela. A água com tanta força
no copo. Tenho as unhas negras.
Agarro nesse copo, bebo por essa estrela.
Sou inocente, vago, fremente, potente,
tumefacto.
A iluminação que a água parada faz em mim
das mãos à boca.
Entro nos sítios amplos.
— O poder de reluzir em mim um alimento
ignoto; a cara
se a roça a mão sombria, acima
da camisa inchada pelo sangue,
abaixo do cabelo enxuto à lua. Engoli
água. A mãe e a criança demoníaca
estavam sentadas na pedra vermelha.
Engoli
água profunda

******
a vida inteira para fundar um poema,
a pulso,
um só, arterial, com abrasadura,
que ao dizê-lo os dentes firam a língua,
que o idioma se fira na boca inábil que o diga,
só quase pressentimento fonético,
filológico,
mas que atenção, paixão, alumiação
¿e se me tocam na boca?
de noite, a mexer na seda para, desdobrando-se,
a noite extraterrestre bruxulear um pouco,
o último,
assim como que húmido, animal, intuitivo, de origem,
papel de seda que a rútila força lírica rompa,
um arrepio dentro dele,
batido, pode ser, no sombrio, como se a vara enflorasse com
as faúlhas,
e assim a mão escrita se depura,
e se movem, estria atrás de estria, pontos voltaicos,
manchas ultravioletas a arder através do filme,
leve poema técnico e trémulo,
linhas e linhas,
línguas,
obra-prima do êxtase das línguas,
tudo movido virgem,
e eu que tenho a meu cargo delicadeza e inebriamento
¿tenho acaso no nome o inominável?
mão batida, curta, sem estudo, maravilhada apenas,
nada a ver com luminotecnia prática ou teórica,
mas com grandes mãos, e eu brilhei,
o meu nome brilhou entrando na frase inconsútil,
e depois o ar, e os objectos que ocorrem: onde?
fora? dentro?no aparte,
no mais vidrado,no avêsso,
no sistema demoroso do bicho interrompido na seda,
fibra lavrada sangrando,
uma qualquer arte intrépida por uma espécie de pilha
eléctrica
como alma: plenitude,
através de um truque:
os dedos com uma, suponhamos, estrela que se entorna sobre
a mesa,
poema trabalhado a energia alternativa,
a fervor e ofício,
enquanto a morte come onde me pode a vida toda

*****
aparas gregas de mármore em redor da cabeça,
torso, ilhargas, membros e nos membros,rótulas, unhas,
irrompem da água escarpada,
o vídeo funciona,
água para trás, crua, das minas,
tu próprio crias pêso e leveza,
luz própria,
levanta-os com o corpo,
cria com o corpo a tua própria gramática,
o mundo nasce do vídeo, o caos do mundo, beltà, jubilação,
abalo,
que Deus funciona na sua glória electrónica

* *****
rosto de osso, cabelo rude, boca agra,
e tão escuro em baixo até em
cima a linha
de ignição das pupilas
¿em que te hás-de tornar, em que nome, com que
potência e inclinação de cabeça?
o rosto muito, o ofício turvo, o génio, o jogo,
as mãos inexplicáveis,
a luz nas mãos faz raiar os dedos,
que a luz se desenvolva,
e a madeira se enrole sobre si mesma e teça e esconda a obra
e retorne e abra e mostre então
a abundância intrínseca,
porque se eriça num arrepio e se alvoroça
o espaço, e brilha quando,
no dia global,
espacial, no visível,
o caos alimenta a ordem estilística:
iluminação,
razão de obra de dentro para fora
— mais um estio até que a força da fruta remate a forma

Herberto Hélder
"A Faca não corta o fogo" (Assírio & Alvim, 2008)