terça-feira, 30 de novembro de 2010

FERNANDO PESSOA (1888-1935)






Hoje, fazem precisamente setenta e cinco anos que o maior poeta da língua portuguesa partiu (mas não morreu...) do nosso mundo.





Juntamente com milhares de fãs e simpatizantes da sua obra e pensamento, a "Garganta..." presta-lhe uma homenagem singela através de alguns dos seus poemas.





Para sempre, Fernando Pessoa...



"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."

Ricardo Reis

"Creio no Mundo como um malmequer
Porque não o vejo. Mas penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharnmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia, tenho sentido...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque o amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Alberto Caeiro

"(...) A minha cruz está dentro de mim, hirta,
a escaldar, a quebrar
E tudo dói na minha alma extensa
Como um universo."

Álvaro de Campos

"Tenho vontade de erguer os braços e gritar
coisas de uma selvajaria ignorada, de dizer
palavras aos mistérios altos, de afirmar uma
nova personalidade larga aos grandes espaços
da matéria vazia"

Bernardo Soares

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
que o mar unisse, já não separasse.
sagrou-te, foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
clareou, correndo até ao fim do mundo,
e viu-se a terra inteira, de repente,
surgir, redonda, do azul profundo

Quem te sagrou criou-te português.
do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Fernando Pessoa