domingo, 18 de dezembro de 2011

SOBRE A APRESENTAÇÃO DO LIVRO "O SONO EXTENSO" DE SARA F.COSTA EM SÃO JOÃO DA MADEIRA (16.12.2011)


"A EXTENSÃO DO SONO"

A vitória que a minha amiga Sara F.Costa obteve no verão deste ano, quando ganhou, pela segunda vez, o Prémio Literário João da Silva Correia, foi um misto de alegria, orgulho e, ao mesmo tempo, estupefacção. Alegria, por saber que a minha amiga ia ver mais uma obra sua premiada e publicada (desta vez, por uma grande editora), orgulho, por ver mais - mais uma vez - reconhecido o seu talento e estilo, e estupefacção, porque nunca imaginei que ela ganhasse o mesmo prémio, nas duas vezes que ela concorreu.


O público presente, antes do início da sessão

A cerimónia de entrega do Prémio João da Silva Correia 2011 decorreu naquela sexta-feira, fria e chuvosa, de 16 de Dezembro de 2011, pelas 21H30, na Biblioteca Municipal Dr. Renato Araújo em São João da Madeira. Talvez por ser uma data muito próxima do Natal que o evento em questão com um número médio de 30 pessoas, comparado com o número de pessoas que estiveram presentes em 2004, quando a Sara apresentou o seu primeiro livro de Poesia, e em 2007, quando ganhou, pela primeira vez, o prémio acima mencionado. Todavia, tanto familiares como amigos, conhecidos ou alguns curiosos que compareceram ao evento foram presenteados com exemplares gratuitos do seu novo poemário "O Sono Extenso", editado pela Âncora Editora. A hora marcada foi cumprida e o encontro foi simples e intimista.


O doutor Rui Costa, Vereador da Cultura da
Câmara Municipal de São João da Madeira e
um dos membros do júri do Prémio Literário
João da Silva Correia 2011.

Coube ao vereador da cultura da Câmara Municipal de São João da Madeira - e um dos membros do júri do Prémio - o doutor Rui Costa, iniciar a cerimónia de entrega do Prémio e apresentação da vencedora. O autarca sanjoanense recordou que o prémio literário em questão fora instituído como uma "forma de distinguir o vulto da cultura e homem empreendedor que foi João da Silva Correia." Também acrescentou a importância do Prémio na promoção da leitura e da criatividade ao nível da escrita e salientou o facto de o processo de selecção do prémio ser anónimo e que "só se sabe o nome do autor. Por isso, não foi por acaso que o vereador afirmou que o sucesso de Sara F.Costa não fora "sorte de principiante", quando venceu o mesmo prémio em 2007." De acordo com o autarca, o facto da jovem poeta voltar a vencer o prémio só demonstra que o júri não estava enganado.


António Baptista Lopes, editora da Âncora Editora
e membro do júri do Prémio Literário João da Silva
Correia 2011.

A segunda intervenção da noite coube ao segundo membro do júri do prémio, o editor da Âncora Editora, António Baptista Lopes. Findos os habituais agradecimentos e menções à sua editora, o editor declarou a todos os presentes que a escolha da obra vencedora foi "uma das mais consensuais, pacíficas e rápidas decisões que o júri teve de tomar", tratando a escritora Sara F.Costa, não como uma promessa literária mas como um "valor seguro das nossas letras."


O professor, filósofo, escritor e um dos membros
do júri do Prémio Literário João da Silva Correia
2011, Josias Gil.

A terceira intervenção da noite coube ao terceiro e último membro da júri do Prémio Literário João da Silva Correia 2011, o professor, filósofo e escritor sanjoanense Josias Gil, fazer o mais amplo comentário e elogio à obra premiada e à vencedora do mesmo. Josias Gil começou por expressar a sua satisfação em apresentar a obra de Sara F.Costa - apelidando-a como "uma repetente do Prémio"(sic) -, garantindo que não conhece nenhum poema nesse livro que não gostasse ou gostasse menos, uma vez que entendeu que "tudo o que possa dizer sobre o livro irá diminuir a qualidade. Durante a intervenção, o professor leu um poema e exortou os presentes a fazerem o mesmo pois acrescentou que "se lerem só um perder os outros 80." Porque "são todos ricos e inconfundíveis." O escritor garante que tudo é novo em "O Sono Extenso" e que mesmo a linguagem deixa de ser um instrumento. Ela interessa a própria linguagem, interpela-se a si mesma, interpela o outro."

De seguida, elogiou a autora considerando-a "uma mulher bem existente no mundo de hoje e assume-se como uma criadora de universo de raiz", realçando que "a sua escrita tem uma certa ousadia que só os verdadeiros artistas têm." Depois continuando a tecer elogios a "O Sono Extenso" afirmou que nesse livro "não vamos descobrir nada. Sentimos que entramos numa viagem e acompanhamos a autora no acto de criação." Por isso, entendeu que "estes textos não podem ser lidos como um qualquer com a pena de não lá chegar", pois garante que "este livro é genial" e a Sara é um valor que tem crescido e se tem afirmado."

Para o Filósofo, a minha amiga "tem a ousadia e o poder que só os verdadeiros artistas têm que é criarem do início, sem barreiras." O professor acredita que a escritora não foi condicionada em nada e que, portanto, "estamos perante um acto criativo puro." No seu entender "Sara F.Costa transporta-nos numa verdadeira viagem a um mundo novo", uma jornada que Josias Gil define como "estranha em que se acompanha a autora no acto de criação" onde ela "nos envolve de tal maneira que nos atira para o início."



Às cerca de 30 pessoas presentes, Josias Gil deixou uma espécie de aviso: "Não se pode ler este livro como quem lê um texto qualquer sob pena de não seguirmos lá chegar". Alertou. O professor pediu também aos leitores que tivesse "humildade" na entrega aos "momentos estranhos, dramáticos e punjentes da vida que estão presentes em "O Sono Extenso." Não foi por acaso que Josias Gil elogiou a "coragem, frontalidade e desassombramento brutal da poetisa", garantindo que "não temos nada de intelectual aqui: isto é carne viva." Sublinhou ainda a "contundência social" e o "humor forte" da autora.


A vencedora do Prémio Literário João da Silva
Correia 2011, Sara F.Costa.

A quarta e última intervenção coube, por fim, à vencedora do Prémio, Sara F.Costa. Parca nas palavras, Sara agradeceu a presença do público que se deslocou para assistir ao seu momento de júbilo, corroborou na importância do Prémio dada pelos seus anteriores interlocutores e colocou este seu novo poemário como o seguimento dos que já publicou "onde podemos encontrar ainda umas certas reflexões sociais que tornam este livro mais apelativo do ponto de vista da reflexão", garantindo que é uma viagem a épocas distintas, e sublinhou que, este livro é um "adormecer e acordamos no último poema como se de uma viagem se tratasse."

Infelizmente, não pude estar mais alguma tempo e confraternizar com a minha amiga, após a sessão de autógrafos, devido a motivos de força maior "alheios à minha vontade." Todavia, saí muitíssimo feliz e cheio de curiosidade em ler o seu poemário.

Parabéns Sara! Tu mereces!

Tiago Moita.