domingo, 27 de outubro de 2013

Viajando com os Clássicos: BEETHOVEN (1770-1827)


Ludwig Van Beethoven
(1770-1827)

"Moonlight Sonata"

Tocada por Valentina Lisitsa

Poema "UM CERTO CAOS" de Suzana Guimaraens


UM CERTO CAOS

ondeia-se um certo caos pela minha casa
- espalha uma estirpe de semente
que me (con)funde as luzes e as dos vizinhos

(terei aberto as janelas e não me lembro
ou deixado a porta encostada
; não é costume)

há três ovos na gaiola aberta,
uma pena verde na almofada onde dormi
e fósforos em todas as gavetas

este quarto-um poema sem cruzetas
e a chuva em desalinho

a caixa dos jornais perdeu o fundo com o peso
e este não me apetecer em editoriais mecânicos
textos sem clitóris
também me desorienta

incólume, jambhala observa tudo de cima do seu dragão cristão
enquanto o rato chinês me come, moculmanamente, o bronze semita

hoje um certo caos arremete-se-me às paredes,
impregna-as de Vazio
e os vizinhos não se abastecem
(apenas mudam de lâmpadas)

talvez o caos certo
: uma espécie de pergunta sobre o Agora faz falta
-se é que faz,
ausente que estou das horas

Suzana Guimaraens

FILOSOFIA PURA (ALVIN TOFFLER)


"Os analfabetos do futuro não vão ser as pessoas que não sabem ler. Serão as pessoas que não sabem como aprender."

Alvin Toffler

NEW AGE ART (JOSEPHINE WALL)


Josephine Wall

"Cosmic Kiss"

2008

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Poema AS PESSOAS CONFUSAS de Tiago Moita


AS PESSOAS CONFUSAS

As pessoas confusas 
descontam adjectivos dos sulcos da fome
e fogem da sede branca
que toma de assalto as suas vidas
no intervalo dos poemas

As pessoas confusas
desligam-se demasiado cedo
engordam o cérebro com palhaços pobres
e coelhos a sair da cartola
nas horas em que não se fala de pássaros

Passam por mim sem norte
numa febre sonâmbula
como navios-fantasma
vertendo sal e éter das mãos
em velocidade cruzeiro

Sentem-se inchadas e ridículas
quando se fala em poesia
vestem de luto a alma
por uma lágrima muda da televisão
e não estendem uma mão para a apanhar

Julgam-se xamãs sem metafísica
nas mãos da cibernética
ciganas mudas ao silêncio do mundo
silhuetas calejadas de um tempo
em que uma palavra tinha mais peso
que uma fotografia a cores.

Tiago Moita
"Post Mortem e Outros Uivos"
WorldArtFriends/Corpos Editora
2012

terça-feira, 15 de outubro de 2013

POETAS PORTUGUESES DO SÉCULO XXI: DANIEL JONAS


ELEMENTÁRIO

O verdadeiro sentidos das palavras
é o que o poema consiste
em falar do que não pode ser dito a quem 
se deve dizer

ou o verdadeiro sentido das palavras
é o que o poema consiste
em não falar do que pode ser dito a quem
se quer dizer

ou o verdadeiro sentido das palavras
é o que o poema consiste
em não falar do que não pode ser dito a quem
se quer dizer

ou o verdadeiro sentido das palavras
é o que poema consiste
em falar do que pode ser dito a quem 
se não quer dizer

isto, claro, partindo do princípio
de que há um sentido das palavras,
verdadeiro, um poema e um
a quem se queira dizer.

De Os Fantasmas Inquilinos

DANIEL JONAS nasceu em 1973, no Porto. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Universidade do Porto e obteve o grau de Mestre em Teoria da Literatura na Universidade de Lisboa com uma dissertação sobre John Milton (Paraíso Perdido, Cotovia, 2006). No poesia, estreou-se m 1997 com o livro O Corpo está com o Rei (AEFLUP). Venceu o Concurso "Cadernos do Campo Alegre" em 2002, que publicou o seu segundo livro de poesia Moça formosa, lençóis de veludo (Cadernos do Campo Alegre, 2002). Depois publicou pela Cotovia Editora os livros Os Fantasmas Inquilinos (Cotovia, 2005) e Sonótono (Cotovia, 2007).

Em 2008, publicou a peça de teatro Nenhures (Cotovia, 2008). Para o Teatro Bruto, escreveu também Reféns e Estocolmo, levados à cena em 2009 e 2011, respectivamente. A sua última peça, foi finalista ao prémio SPAutores, melhor peça de teatro 2011.

OBRAS PUBLICADAS:
  • "Estocolmo" (Teatro, Cotovia, 2011)
  • "Reféns" (Teatro, Cotovia, 2009)
  • "Nenhures" (Teatro, Cotovia, 2008)
  • "Sonótono" (Poesia, Cotovia, 2008)
  • "Os Fantasmas Inquilinos" (Poesia, Cotovia, 2005)
  • "Moça Formosa, Lençóis de Veludo" (Poesia, Cadernos do Campo Alegre, 2002)
  • "O Corpo está com o Rei" (Poesia, AEFLUP, 1997)

domingo, 13 de outubro de 2013

New Age Music: VANGELIS


Vangelis 
"Alpha"
Portraits (so long ago, so clear)
1996

domingo, 6 de outubro de 2013

Poema "OS VERSOS DO SIGILO" de Edmundo Silva


Estes são os versos do sigilo
as rendas onde o mar pinta o silêncio
e as árvores fazem a casa da alma
e na fogueira o pão do linho
que as águas desse rio novo
bordam nas ladeiras da verdade.

Outros vinhos se prostram ao Sol
para que no seu híbrido fermento
se descubram as páginas desta paixão,
e nos ramos azuis da eternidade
a música da alma se faça ouvir...

Também as pedras versejam o destino 
e no acaso de uma bruma matinal
o húmus das almas fazem brotar
esse beijo cósmico como serpente irisada
de todas as virtudes, de todas as caminhadas.

O musgo amplo dos peitos também se ouve
e no eco das matriarcas ondas de um sorriso
tudo se enjeita na eira da felicidade
caligrafada nas estrelas como um poema
que nunca está concluído, que nunca acaba...

EDMUNDO SILVA
"Epifania ao Sol"
WorldArtFriends/Corpos Editora
2012

TEOSOFIA PURA (ALICE A.BAILEY)


"A Nova Era está em cima de nós e nós estamos testemunhando as dores de parto de uma nova cultura e de uma nova civilização. Aquilo que é considerado velho e indesejável deve partir, e dessas coisas indesejáveis, o ódio e espírito de separação devem ser os primeiros a desaparecer."

Alice A. Bailey
Autora e Teósofa inglesa
1880-1949

Poema "HOMO NOETICUS" de Tiago Moita


"Cosmic Vitruvian"
Stylarosa
2013

HOMO NOETICOS

Nascerei do fruto sangue
de dois universos paralelos
com uma bússola de sete raios
e um verbo aceso
na ponta da língua

Nenhuma linha é um acaso
na geometria de mim próprio
Goegrafia: mosaico de experiências
e escolhas que tatuei
na epiderme da alma

Busco no poema
a unidade sem sentido
no absurdo do real
habito para além das palavras
numa página em branco
de um livro em horas

Mudo de pele ao sabor do vento
como quem morre para nascer de novo
busco no pavio de uma vela
a sede que a minha razão desconhece

Justifico o presente no passado
para saber onde me encontro hoje
revejo-me em todos os silêncios
da natureza dos homens
sem máscaras nem símbolos

Revelo-me Alfa e Ómega
num tempo sem signos
à espera do primeiro fôlego
carne, mente e ser
em estado etéreo
num mundo em chamas
primeiro passo do amanhã
Esperança de todos nós

Tiago Moita
"Post Mortem e Outros Uivos"
WorldArtFriends/Corpos Editora
2012

NEW AGE ART (CINDY J.LONG)


"In the Cosmic Garden"
Cindy J.Long
2010