quarta-feira, 25 de junho de 2014

TIAGO MOITA ENTREVISTADO PELO JORNAL "O REGIONAL" ACERCA DAS NOITES POÉTICAS EM SÃO JOÃO DA MADEIRA (

Na sequência de uma entrevista que Tiago Moita deu ao Jornal "O Regional" acerca do projecto das noites poéticas pelos cafés e bares de São João da Madeira no dia 20 de Maio - dia da primeira sessão poética mensal " Poesia à Solta" no Neptúlia Bar.

A entrevista foi conduzida pelo jornalista António Gomes Costa e realça a origem, o sentido e o papel desta iniciativa cultural na vida do concelho e das pessoas.


terça-feira, 24 de junho de 2014

"UM CAFÉ COM...POESIA" REGRESSA NA PRÓXIMA TERÇA-FEIRA À CONFEITARIA COLMEIA EM SÃO JOÃO DA MADEIRA


Depois do estrondoso sucesso que foram as três primeiras noites poéticas mensais em São João da Madeira, a Confeitaria Colmeia regressa a mais uma noite de "UM CAFÉ COM...POESIA" na próxima terça-feira, dia 1 de Julho, a partir das 21H30.

Apareçam com mais e novos poemas...e tragam alguém convosco!

A entrada é gratuita!

SOBRE A SEGUNDA SESSÃO "POESIA À SOLTA" NO NEPTÚLIA BAR EM SÃO JOÃO DA MADEIRA (17.06.2014)

O POEMA E O TEMPO

Com esta frase finda o célebre poema homónimo de Sophia de Mello Breyner Andresen, lido, em conjunto pelos mentores e coordenadores das noites poéticas mensais nos cafés e bares de São João da Madeira, Tiago Moita e Edmundo Silva. Nunca uma frase ilustrou com tanto realismo os dois elementos que se fizeram sentir mais naquele noite, onde o tempo resolveu pregar uma partida a todos os presentes mas, mesmo assim, a Poesia não se rendeu à sua presença.

Naquele momento de pura partilha e entrega, a Poesia rendeu-se à homenagem que todas aquelas pessoas que, fora do conforto dos seus lares, a abraçaram e dançaram com ela, fazendo circular o silêncio das palavras de boca em boca, como beijos agridoces levados pelo vento, e aqueceram as almas - assim como as mantas improvisadas pelos responsáveis do bar aqueceram os corpos -, do público presente naquela noite.

Terminada a leitura conjunta do poema de Sophia, Tiago Moita lançou o desafio e cedo se fizeram ouvir os primeiros poemas. Ouve quem homenageasse a Poesia, a mãe ou o amigo ausente; ouve quem lesse do papel, do telemóvel ou mesmo do livro da segunda classe, que guardava no baú das memórias; leram-se poemas com sabor sanjoanense; outros de sabor desconhecido e outros com o sabor imortal dos poemas de poetas imortais como Manuel António Pina, Eugénio de Andrade, Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa - pela voz dos seus heterónimos Álvaro de Campos e Alberto Caeiro -, José Tolentino Mendonça, Nuno Júdice, Miguel Torga, Afonso Lopes Vieira, António Ramos Rosa e Herberto Hélder. Também se escutou Poesia na língua de Camões, vinda do outro lado do Atlântico, como Vinícius de Moraes e Oswaldo Montenegro.

Numa noite onde nem o frio nem a intervenção da polícia (certamente, também para ler algum poema) faltou, a Poesia vibrou e mostrou a sua presença numa plateia com mais de quatro dezenas de pessoas e trinta participações, onde, pela primeira vez, assistiram e participaram crianças. A todas essas pessoas que vieram celebrar a Poesia, o meu muito sincero e humilde muito obrigado.

Aqui ficam as fotos dessa noite maravilhosa: 


Parte do público presente na sessão


Uma da pessoas que participou
lendo um poema da sua autoria


Um portuense lendo poemas de Afonso
Lopes Vieira do "livro da Segunda Classe"


Mais um partipante das noites poéticas 
mensais, lendo um poema da sua autoria


Uma criança lendo um poema dedicado
à Poesia


Mais um participante lendo um poema
do célebre heterónimo de Fernando Pessoa,
Álvaro de Campos


O escritor e poeta sanjoanense, Edmundo
Silva - um dos mentores e coordenadores
das noites poéticas mensais nos cafés e bares
de São João da Madeira - lendo o poema "Convidado"
de Rabindranath Tagore


Uma criança lendo um poema dedicado
à sua mãe


O Dr. Luís Quintino lendo um poema de
Manuel António Pina


O doutor Magalhães dos Santos lendo 
um dos seus poemas


Pedro Laranjeira lendo um poema


 A Poeta Dina Silvério lendo um poema
da sua autoria


O senhor Reis cantando um poema


Filipa Gomes (APROJ) lendo o poema
"Metade" do poeta brasileiro Oswaldo
Montenegro


Maria Clara lendo um poema de um 
poeta desconhecido


Raquel Gomes de Pinho
lendo um conto poético


Uma jovem lendo um poema do poeta
brasileiro Vinicius de Moraes


A directora da Biblioteca Municipal 
Dr. Renato Araújo de São João da Madeira,
Doutora Maria Teresa Azevedo, lendo
um poema de Miguel Torga


O poeta sanjoanense Francisco
Guedes de Amorim lendo um poema
de Luís Vaz de Camões


Edmundo Silva lendo o poema
"LIVRE-ARBÍTRIO" do livro
"Post Mortem e Outros Uivos"
(WorldArtFriends/Corpos Editora, 2012)
de Tiago Moita


Filipe, responsável pelo Neptúlia Bar,
lendo um poema

quarta-feira, 11 de junho de 2014

"O POEMA" de HERBERTO HELDER


O POEMA

O poema cresce incessantemente 
na confusão da carne.
Sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto.
Talvez como o sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor. 
Rios, a grande paz exterior das coisas,
folhas dormindo o silêncio 
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único, 
invade as casas deitadas nas noites
e as luzes e as trevas em volta da mesa
e a força sustida das coisas 
e a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

- E o poema faz-se contra a carne e o tempo.

HERBERTO HELDER



terça-feira, 10 de junho de 2014

"Poesia à Solta" regressa na próxima terça-feira ao Neptúlia Bar em São João da Madeira


Depois do estrondoso sucesso que foram as duas primeiras noites poéticas mensais em São João da Madeira, o Neptúlia Bar regressa a mais uma noite de "Poesia à Solta" na próxima terça-feira, dia 17 de Junho, a partir das 21H30.

Apareçam com mais e novos poemas...e tragam alguém convosco!

A entrada é gratuita!

A primeira noite poética mensal "UM CAFÉ COM...POESIA" na Confeitaria "Colmeia" (S. João da Madeira, 03.06.2014)


 "CONTRA A CARNE E O TEMPO"

Assim acabava o poema "O Poema" de Herberto Hélder, que Tiago Moita e Edmundo Silva leram para abrir as hostes para mais uma noite poética mensal em São João da Madeira. O local era estreante nesta tradição de exprimir Poesia. Foi na terça-feira da semana passada, dia 3 de Junho, pelas 21H30 que, sem o universo dar conta, a Confeitaria "Colmeia" em São João da Madeira abriu as portas para a sua primeira noite mensal de Poesia, intitulada "Um Café com...Poesia", um nome que não podia ser mais do que apropriado, para retratar o ambiente que se viveu durante cerca de duas horas e meia, onde se parou tudo para ouvir e beber o silêncio que brotavam das palavras dos poetas.

Mais do que uma metáfora, foi de silêncio e alegria, misturado com o odor das delícias da confeitaria, o sabor do café acabado de sair, mas também o aroma das palavras imortais que subiam pelas gargantas de todos os que responderam ao desafio de deixar-se levar por esta tão nobre arte de dizer e exprimir Poesia, a última frase do parágrafo anterior é um retrato fiel de tudo aquilo que se passou naquela noite. Ouviram-se os "ais" de Armindo Mendes de Carvalho, e os "Fastos" de fomento da natalidade de Alberto Pimenta; as interrogações de Adília Lopes em "O rapaz e as estrelas" e as dúvidas de Nuno Júdice em "Lusofonia"; a arte poética de António Ramos Rosa, mas também a de Camões, Florbela Espanca, José Régio e J.M de Matos Vila; dedicaram-se poemas a Portugal, mas também a Deus e à mulher; riu-se de nêsperas distraídas e de poemas embriagados de humor e amor; falou-se do tempo e de namorados, viajou-se no tempo sem nunca esquecer o presente; leram-se poemas do papel, do telemóvel ou mesmo da própria memória e terminou-se, entre o riso e o pranto com o menino Jesus de Alberto Caeiro.

Entre o fulgor daquela noite, ouviram-se muitas vozes veteranas nesta arte de dizer Poesia, mas também muitos estreantes, sobretudo jovens, bastantes jovens, que enriqueceram com o seu improviso e amor a algo que não cabe nos livros de contabilidade nem em memorandos de ajuda financeira internacional, mas é tão essencial à vida de cada ser humano como a respiração ou mesmo a água.

A todos os que estiveram presentes, em nome das "Fugas Poéticas", muito obrigado.

TIAGO MOITA

Aqui ficam algumas fotos do evento.


O público presente na noite "Um café com...Poesia"


Um senhor lendo um poema do seu avô
transmontano de 1913.


A doutora Maria Teresa Azevedo
- directora da Biblioteca Municipal
de São João da Madeira - lendo o poema
"Arte Poética" de António Ramos Rosa.


O poeta sanjoanense Francisco Guedes
de Amorim lendo "O poema original"
da sua autoria


Claúdia "Kaya" Rodrigues lendo
"Os namorados de Lisboa" de 
José Carlos Ary dos Santos


O Doutor Magalhães dos Santos
lendo poema "Namoradinha",
da sua autoria


A professora (e mestre em literatura contemporânea)
Cristina Marques lendo um poema.


Arlete Santos, funcionária da Biblioteca Municipal
de São João da Madeira e aluna da Universidade
Aberta, lendo o poema "O rapaz e as estrelas"
de Adília Lopes


Filipa Gomes (APROJ) lendo um poema


A poeta Ana Albergaria lendo um poema
da sua autoria, dedicado às mulheres


O aluno da Universidade Sénior lendo 
um poema de Florbela Espanca


Maria Clara lendo um poema de um
poeta desconhecido (António Santos)
do seu telemóvel


Pedro Laranjeira lendo "O Cântico Negro"
de José Régio


O Doutor Magalhães dos Santos
interpretando o "Cântico Tinto"
de J.M de Matos Vila (Paródia ao
"Cântico Negro" de José Régio.


Inês, uma jovem sanjoanense, estreante
nestas noites poéticas mensais citando um 
poema.


Edmundo Silva, um dos escritores e poetas
mentores e coordenadores das noites poéticas
mensais em São João da Madeira, lendo
"O Rifão Quotidiano" de Mário Henrique Leiria


Edmundo Silva lendo "O Alegre Silente"
de Augusto Gil


Francisco Guedes de Amorim lendo
mais um poema da sua autoria


Cláudia "Kaya" Rodrigues lendo o poema
"Tarde" de José Carlos Ary dos Santos


Sofia, mais uma jovem estreante na arte 
de dizer Poesia nas noites poéticas mensais
de São João da Madeira, lendo um poema de 
Valter Hugo Mãe.


Ana albergaria lendo um poema da sua 
autoria


Um jovem citando "O poema do Menino Jesus" 
de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) de cor.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

"UM CAFÉ COM...POESIA" estreia esta terça-feira em São João da Madeira!

Depois do estrondoso êxito da primeira sessão poética mensal "POESIA À SOLTA" no Neptúlia Bar, há duas semanas atrás, as noites poéticas mensais regressam este mês em força, não a um mas a dois dos mais emblemáticos estabelecimentos da cidade de São João da Madeira.

A próxima sessão ocorrerá amanhã, terça-feira, dia 3 de Junho, a partir das 21HJ30, na histórica Confeitaria "Colmeia" e denomina-se "UM CAFÉ COM...POESIA".

Tal como aconteceu na sessão "Poesia à Solta", este evento está aberto a todos aqueles que desejem assistir e partilhar a Poesia que guardam dentro de si, nas estantes das casas ou no silêncio das gavetas dos armários.

A entrada é gratuita.

Apareçam!

Poema "ARTE POÉTICA" de António Ramos Rosa


Se o poema não serve para dar o nome às coisas
outro nome e ao seu silêncio outro silêncio,
se não serve para abrir o dia
em duas metades como dois dias resplandecentes
e para dizer o que cada um quer e precisa
ou o que a si mesmo nunca disse.

Se o poema não serve para que o amigo ou amiga
entrem nele como numa ampla esplanada
e se sentem a conversar longamente com um copo de vinho na mão
sobre as raízes do tempo ou o sabor da coragem
ou como tarda a chegar o tempo frio.

Se o poema não serve para tirar o sono a um canalha 
ou a ajudar a dormir o inocente 
se é inútil para o desejo e o assombro, 
para a memória e para o esquecimento.

Se o poema não serve para tornar quem o lê
num fanático
que o poeta então se cale.

António Ramos Rosa
Sílex
1980

Primeira noite mensal "POESIA À SOLTA" no Neptúlia Bar em São João da Madeira: um marco histórico

Foi num ambiente de verdadeira partilha e emoção que começou, no dia 20 de Maio às 21H30, a primeira sessão poética mensal "Poesia à Solta" no Neptúlia Bar em São João da Madeira. O convite feito por mim, e pelo meu amigo, escritor e poeta sanjoanense, Edmundo Silva surtiu efeito.

Num espaço de duas horas e meia, respirou-se Poesia, soltaram-se palavras e revelaram-se silêncios em cada intervenção. Ouviu-se Eugénio de Andrade, Natália Correia, Alberto Caeiro, Mário de Sá-Carneiro. Jorge de Sousa Braga, Vasco Gato, Mia Couto, Sophia de Mello Breyner, David Mourão-Ferreira, Florbela Espanca, José Régio, Álvaro de Campos, Herberto Hélder, mas também ouviu-se muita poesia de assinatura sanjoanense como Sara F.Costa, Edmundo Silva, Tiago Moita, Dina Silvério entre tantos outros nomes da literatura nacional e local, que percorreram ao lado de todos aqueles que assistiram e participaram naquela noite maravilhosa que, só aqueles que assistiram, tiveram o privilégio de testemunhar.

Houve quem cantasse poemas, lesse poemas directamente de uma parede, de uma folha de papel, de um livro ou mesmo de um telemóvel. Houve quem lesse para a mãe, para o pai e houve quem tirasse a gravata e desabotoasse o colarinho para falar de cor.

Nas palavras da jornalista Anabela Carvalho, do Jornal "Labor" de São João da Madeira, "no aconchego de um pequeno café onde quase todos se tropeçam em livros - estão na mesa mas também sobre a mesa, suspensos por cordas - a palavra correu com informalidade, alegria e sentimento. E a Poesia nunca foi tão bem acolhida."

A todos os que participaram e foram solidários com esta iniciativa, minha e do Edmundo, muito obrigado em nome da Poesia, da Cultura e de São João da Madeira.

Próxima paragem: Confeitaria "Colmeia", terça-feira, dia 3 de Junho às 21H30 (é já amanhã")

Apareçam!

Aqui ficam algumas fotos dessa noite histórica e extraordinária.


O público que assistiu ao "Poesia à Solta"


Dina Silvério lendo um poema da sua autoria


Um jovem que acompanhou a leitura de um poema à viola


Maria Clara lendo um poema


Francisco Guedes de Amorim, o poeta residente 
lendo um poema da sua autoria


Filipa Gomes (APROJ) lendo um poema
"Portugal" de Jorge de Sousa Braga do
seu telemóvel


O doutor Magalhães dos Santos lendo
o "Cântico Negro" de José Régio


O Dr. Luís Quintino recitando Eugénio de Andrade
com a gravata de fora (Foto de Maria Clara)


O senhor Domingos cantando um dos poemas de 
Dina Silvério à guitarra (Foto de Maria Clara)


A doutora Maria Teresa Azevedo,
Directora da Biblioteca Municipal
de São João da Madeira,
lendo um poema de Mia Couto


Maria João, uma cliente do Neptúlia Bar
lendo um poema do computador


Angel Roberto recitando Álvaro de Campos
(Foto de Maria Clara)


Li Viana lendo um poema de Natália Correia
(Foto de Maria Clara)


Tiago Moita
(Foto de Maria Clara)


Edmundo Silva lendo o poema
"Homo Noeticus" do livro
"Post Mortem e Outros Uivos"
(WorldArtFriends/ Corpos Editora, 2012)
de Tiago Moita


Maria João lendo um poema de Francisco
Costa, colado a uma das paredes do 
Neptúlia Bar