quarta-feira, 8 de outubro de 2014

SOBRE A TERCEIRA SESSÃO POÉTICA MENSAL "UM CAFÉ COM...POESIA" NA CONFEITARIA "COLMEIA" EM SÃO JOÃO DA MADEIRA ( 07.10.2014)


CRÓNICA DE UMA DESPEDIDA INTERROMPIDA

Por vezes as maiores surpresas surgem quando menos esperamos. Estava uma noite aziaga e um tempo que não queria dar tréguas à cidade. A presença de vida na Praça Luís Ribeiro resumia-se a meras sombras fugidias, almas desesperadas por um refúgio da intempérie, um encontro marcado inadiável ou o regresso tardio ao conforto dos lares. Apenas na Confeitaria Colmeia - qual aldeia gaulesa entrincheirada por acampamentos de indiferença estóica por todos os lados - era possível assistir-se a um intervalo de paz e, de quando em vez, de desassossego, prestes a soltar-se do silêncio que corre nas veias dos poemas.

O que parecia uma pequena concentração humana transformou-se nuam simples e acolhedora comunidade fraterna e ávida por saciar uma sede invisível aos olhos do mundo e impossível de ser satisfeita pela espuma dos dias ou adiada por uma tempestade outonal, como aquela que se fazia sentir naquela noite de 7 de Outubro em São João da Madeira, mas que foi impossível de demover o espírito dos poucos amantes da Cultura e cúmplices dessa nobre arte de narrar o silêncio do Universo que é a Poesia.

Durante cerca de duas horas, a Poesia viajou pelos corações e mentes de todas aquelas almas como uma fénix, acabada de renascer das cinzas, voando de palavra em palavra, de poema em poema pelos quatro cantos daquele estabelecimento. Meditou-se com a Poesia de Mia Couto, Fernando Pessoa, Nuno Júdice e Walt Whitman, riu-se dos poemas de Vasco Graça Moura, Mário Henrique Leiria e Alberto Pimenta e soltaram-se memórias e saudades através dos poemas de Ondjaki e Herberto Hélder. Leram-se poemas para pessoas e até para os animais, deram-se recados para a sociedade e para os governos, ouviram-se vozes habituais e estreantes, leu-se Poesia do papel, do livro, de um Tablet ou mesmo à capela. Vieram pessoas da terra e de muito longe. 

Julgou-se um fim esperado por uma vontade alheia às causas nobres de tamanho evento. Uniram-se vozes e apresentaram-se ideias que acabaram por afastar, no dia seguinte, uma nuvem negra de indiferença que atormentava uma iniciativa mas que acabou por não passar de uma miragem de um pesadelo, ultrapassado por uma força muito superior à vontade humana e aos estados de alma do tempo.

Aqui ficam as fotos do evento:


Parte do público que assistiu e participou na sessão


O início das intervenções poéticas


Tiago Moita - um dos mentores e coordenadores
das sessões poéticas mensais nos cafés e bares de
São João de Madeira - lendo um texto do "Livro
do Desassossego" de Bernardo Soares/Fernando 
Pessoa (Autoria da foto: Maria Clara Carvalho)


O doutor Magalhães dos Santos lendo um dos
seus poemas


O Dr. Flores Santos Leite lendo algumas das suas quadras


O doutor Luís Quintino lendo um poema do 
último livro do poeta Nuno Júdice 
"O FRUTO DA GRAMÁTICA"
(D.Quixote, 2014)


O poeta sanjoanense Fábio Silva dizendo um dos seus poemas


O escritor e poeta sanjoanense António Manuel Silva
lendo um dos seus poemas


A professora doutora Maria Teresa Stanislau 
lendo um poema do escritor e poeta angolano
Ondjaki (Prémio José Saramago, 2014)


Raquel Gomes de Pinho lendo um poema esotérico
de Fernando Pessoa


O doutor Ângelo Alberto Campelo lendo
"O Cântico dos Animais" de São Francisco de
Assis


Marco António Santos lendo um poema de 
Bertold Brecht


Carlos Pinho lendo o célebre "Poema em linha recta"
de Fernando Pessoa


O doutor Francisco Costa lendo um poema de
António Gedeão

1 comentário:

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Parabéns por esta iniciativa.
A Poesia precisa estar todos os dias na rua...
Viva a Poesia!

Namibiano Ferreira