terça-feira, 25 de novembro de 2025

SOBRE O 50.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE NOVEMBRO DE 1975

 


SOBRE O 50.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE NOVEMBRO
DE 1975

O que se comemorou hoje de manhã em Lisboa e na Assembleia da República não foi um “segundo 25 de Abril”, ou um “25 de Abril de Direita”, como algumas pessoas e alguns partidos procuraram sugerir, tampouco foi uma “celebração alternativa” à revolução dos Cravos. Mais que um contragolpe, o 25 de Novembro foi uma confirmação que as portas que Abril abriu em 1974 nunca mais se iam fechar, para um país e um povo que viveu sufocado por uma ditadura que quase durou meio século e não queria aderir a uma ditadura de sentido contrário. 


É preciso lembrar que nas primeiras eleições para a Assembleia Constituinte realizadas a 25 de Abril de 1975 (10 dias depois de eu ter nascido) – as primeiras eleições livres e democráticas que existiram em Portugal após a revolução dos cravos – os apologistas da democracia que hoje temos (a Liberal, a Burguesa e a Capitalista) somaram 72% dos votos (o PS teve 38%, o PPD teve 26% e o CDS teve 8%), ao passo que os defensores da democracia revolucionária (a centralista, a proletária e a esquerdista) somaram 20% (O PCP teve 13%, o MDP teve 4%, a FSP de Manuel Serra teve 1%, o MES teve 1% e a UDP teve quase 1%). Em 1976, a democracia que nós temos subiu para 75% (PS, PPD e CDS) enquanto a democracia revolucionária desceu para 16%, dos quais 14% foram para o PCP. Ou seja: segundo os resultados eleitorais, antes e depois do 25 de Novembro, nas duas primeiras eleições livres e democráticas que aconteceram após a revolução de 25 de Abril de 1974, a democracia liberal, democrática e europeia, do tipo ocidental, mereceu entre 72% a 75% dos votos dos eleitores portugueses.

Não obstante, essa “minoria revolucionária” não entendeu o caminho da revolução da mesma maneira que a esmagadora maioria do povo pensava e queria. Ao invés de eleições, queriam que fosse tudo decidido na rua ou em comités centrais; ao invés de justiça em tribunais, queria que fosse tudo decidido com “justiça popular”; ao invés de agir dentro da legalidade, recorriam a mandados em branco elaborados pelo COPCOM de Otelo Saraiva de Carvalho, expropriações selvagens, uma reforma agrária e um conjunto de nacionalizações que o tal povo que votou no PS, no PPD e no CDS não queriam: ao invés de defender a preparação de Portugal para estar cada vez mais integrado na comunidade internacional e aderir à União Europeia (naquela altura chamava-se C.E.E), preferiam ver o nosso país isolado ou ser um estado-membro do COMECON e do Pacto de Varsóvia. E estavam dispostos a fazer de tudo para alcançar esse objectivo, como aconteceu com o célebre assalto ao jornal “República” de Raul Rego, à Radio Renascença e no cerco à Assembleia Constituinte (onde só podiam sair deputados do PCP e da UDP). 

O 25 de Novembro aconteceu para evitar uma tentativa de golpe de estado provocado por um movimento de paraquedistas da Base Escola, afectos à ala mais radical e mais à esquerda do MFA. Esse golpe falhou por causa da acção militar atempada dos Comandos Militares comandados pelo General Ramalho Eanes e pelo Coronel Jaime Neves que neutralizaram essa operação e obrigaram as forças mais radicais e a esquerda do MFA e da sociedade portuguesa a não agirem, algo que acabou, de uma vez por todas com o famoso e famigerado P.R.E.C (Período Revolucionário em Curso). E a vitória do 25 de Novembro não foi só uma vitória das forças moderadas que sempre lutaram por uma democracia ocidental e europeia como Diogo Freitas do Amaral, Francisco Sá Carneiro e Mário Soares.

Se hoje uma pessoa é capaz de comprar e vender algum bem ou serviço livremente, não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se hoje uma pessoa é livre de comprar um jornal como o Público ou O Diabo, não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se hoje é possível uma pessoa ou um conjunto de pessoas montar um negócio sem ser acusado de ser um "fascista capitalista de direita", não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se hoje uma pessoa uma pessoa pode declarar livremente que não é de esquerda, mas de direita, de centro ou não ter ideologia ou partido nenhum (como é o meu caso), não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se hoje existem não só partidos de centro-esquerda ou de extrema-esquerda como partidos de direita e centro-direita ou de outra nova ideologia, não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se foi possível rever a Constituição da República Portuguesa de 1976 em 1982, em 1989, e daí por adiante, não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se hoje uma pessoa pode emitir uma opinião, exprimir-se e pensar livremente sem ser acusado de ser "traidor" ou "inimigo da classe operária" não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se hoje somos livres de elogiar, contestar ou até propor soluções ao nosso sistema político, partidária, económico, social e cultural, independentemente de termos uma ideologia, não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se assistimos ao "boom do Rock Português" e ao nascimento da música moderna portuguesa (e da cultura pós-moderna e contemporânea portuguesa no geral), não só deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro. Se hoje fazemos parte da União Europeia e somos respeitados a nível internacional, não só se deve ao 25 de Abril como ao 25 de Novembro.

Por isso, mesmo não sendo uma data alternativa ao 25 de Abril (que nunca foi), devemos ao 25 de Novembro a consolidação da Liberdade, da Democracia e da abertura do nosso país ao mundo e a adesão à União Europeia que o 25 de Abril trouxe, sem a qual, nenhum de nós estaria aqui hoje para discutir datas histórias tão relevantes para nós como o 25 de Abril ou mesmo o 25 de Novembro.

Tiago Moita.
25.11.2025   

terça-feira, 18 de novembro de 2025

TIAGO MOITA FALOU DE "ENSAIO SOBRE O FIM DO MUNDO" NUM SEMINÁRIO ACADÉMICO DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO (17.11.2025)

 


TIAGO MOITA FALOU DO SEU NOVO ROMANCE 
"ENSAIO SOBRE O FIM DO MUNDO" NUM SEMINÁ-
RIO ACADÉMICO DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO
(17.11.2025, 18H30)

Gostaria de agradecer publicamente à doutora Maria de Jesus Cabral, professora do Departamento de Estudos Literários da Universidade de Aveiro, por ter-me convidado para falar da origem e do processo de criação literária do meu novo romance "Ensaio sobre o Fim do Mundo" (Astrolábio Edições, 2025), no Seminário "Cartografias do Imaginário" do Programa de Doutoramento em Estudos Literários do DLC da Universidade de Aveiro, que ocorreu ontem, segunda-feira, dia 17 de Novembro de 2025, às 18H30, via Zoom. Foi uma conversa muito agradável onde foram abordados alguns pontos de vista entre a minha obra e o tema desse evento académico.

Muito obrigado por essa extraordinária oportunidade! Espero poder ir presencialmente à vossa universidade, um dia, para poder falar mais um pouco acerca das minhas obras literárias e também do meu processo de criação literária.

Um abraço amigo e aberto como um livro e até à próxima!

Tiago Moita. 

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