quarta-feira, 26 de abril de 2023

10CIBEIS BAR: 20 ANOS DE UMA REVOLUÇÃO (2003-2023)


Tiago Moita com Rui Silva no 10Cíbeis Bar (2003)

(Foto de Rui Almeida)

10CIBEIS BAR: 20 ANOS DE UMA REVOLUÇÃO (2003-2023)

Muito daquilo que sou hoje deve-se a um acaso, uma pessoa e um bar. Lembro-me com se fosse hoje. Tudo o que aconteceu num sábado à noite, no dia 26 de Abril de 2003. Tinha acabado de fazer mais umas horas de natação na piscina interior do Complexo Desportivo das Corgas em São João da Madeira e regressado a pé até minha casa. Passara mais de um mês que tinha acabado de ser despedido da primeira empresa onde trabalhava (Califa), a minha primeira banda de rock tinha acabado sete meses antes e estava à espera de ver publicado mais um anúncio no (saudoso) jornal Blitz, para procurar os músicos certos para a minha banda na região do Grande Porto. A minha vida era uma pacatez melancólica. Não tinha o hábito de sair à noite e de fazer amigos. Tudo isso iria mudar por causa de um ruído.

Como estava a dizer, tinha acabado de fazer mais umas horas de natação na piscina do Complexo Desportivo das Corgas em São João da Madeira e regressado a casa a pé. Normalmente, assim que chegava ao Instituto de Línguas Helena Nicolau subia em direcção à rua João de Deus e chegava mais rapidamente a casa. Tudo mudou quando cheguei junto à passadeira do Restaurante “Almeida” e escutei o som distorcido de uma guitarra eléctrica vindo da Praça Luís Ribeiro. Virei a cabeça em direcção à mais importante praça da cidade e do concelho e reparei na montagem de um gigantesco palco, mesmo ao lado do antigo monumento arquitectónico da praça (aka “Pirilau”). Curioso, mudei de direcção e resolvi ir até à praça Luís Ribeiro. Mal cheguei lá, abordei um jovem da associação juvenil sanjoanense “Ecos Urbanos” e perguntei-lhe o que é que se estava a passar. Gentilmente, o jovem voluntário informou-me que aquele palco serviria para acolher três bandas de rock locais que iriam actuar naquela noite por volta das 22H00, de modo a encerrar a Semana da Juventude. Surpreendido e, ao mesmo tempo, fascinado, agradeci-lhe a informação, cheguei a casa, arrumei a mochila e anunciei à minha família que ia assistir aos concertos daquela noite na Praça Luís Ribeiro. Mal terminei o jantar, aperaltei-me para ocasião, vesti a minha t-shirt preta dos Nirvana e parti para a praça, sem saber que me esperava a maior mudança de toda a minha vida. 


Cheguei uma hora mais cedo que o costume. O público ia aparecendo e acumulando-se junto ao palco para assistir aos concertos. Perto do começo do espectáculo, cruzei-me com o meu antigo vizinho Rui Silva. Ele, tal como eu, tinha acabado de ficar desempregado no mês anterior, depois de ter trabalhado como bancário ao serviço do Finibanco de Cesar, freguesia do concelho de Oliveira de Azeméis, durante três anos e de ter acabado com a sua antiga namorada, após uma relação que durou tantos anos quanto o seu antigo emprego no Finibanco. Aproveitei também para lhe dizer que, tal como ele, também estava à procura de emprego e de músicos para (re) fundar a minha antiga banda de rock. Surpreendido por eu ter fundado uma banda, perguntou-me que tipo de banda era. Respondi-lhe que era uma banda de rock alternativo que misturava o metal alternativo dos Tool e dos A Perfect Circle com o Grunge das bandas de Seattle, o rock alternativo dos The Smashing Pumpkins e o Metal do Metallica e dos Sepultura, cantando em português e em inglês. Ele ficou ainda mais curioso e impressionado e perguntou se já tinha encontrado algum. Disse-lhe que estava à espera de ver publicado o meu mais recente anúncio publicitário no jornal Blitz, a ver se encontrava os músicos que precisava para a minha banda na região do Grande Porto. Intrigado, perguntou por que motivo estava eu à procura de músicos nessa região e não em São João da Madeira. Expliquei-lhe que o meu som era muito alternativo e pensava que na nossa terra não existiriam músicos capazes de entender o meu estilo musical. Ele refutou e disse-me que estava enganado, uma vez que, naquela época, São João da Madeira possuía os músicos e as bandas mais alternativas de todas as redondezas. Depois de constatar a minha ignorância a respeito das bandas locais, o Rui virou-se para mim e disse:


“Vamos assistir aos concertos. Quando terminarmos, vou-te levar a um bar onde vais conhecer os músicos que andas à procura.”


Minutos depois, apareceu o Rui Almeida, um velho amigo do Rui Silva. O meu antigo vizinho apresentou-me como vocalista e guitarrista de uma banda de rock alternativo do Porto que cantava em português e em inglês. Esse velho amigo do Rui Silva, ao saber que eu também cantava rock alternativo em português, deu-me um abraço e disse-me que ficou muito orgulhoso por saber que eu cantava em português. Isto porque ele, tal como eu, era fã dos Mão Morta. Terminados os concertos, o Rui Silva levou a esse bar. Seu nome: 10CÍBEIS.



A entrada do 10Cibeis Bar (2003)

(Foto de Jorge Oliveira)

O que aconteceu a partir desse dia até ao seu encerramento no dia 29 de Setembro de 2007 foi uma autêntica revolução cultural e social que transformou completamente a minha vida. De um momento para outro, conheci todos os subgéneros do Rock e do Metal, bandas inesquecíveis como os Opeth, os Porcupine Tree, os Anathema, os Mastodon, os Meshuggah, os Cult of Luna ou os Riverside; aprendi a socializar-me e a confraternizar com pessoas ligadas às chamadas “contraculturas urbanas” (Metaleiros, Punks, Góticos, etc.); conheci pessoas com quem consegui falar de música, literatura, poesia, arte, cinema e teatro; assisti a peças de teatro feitas pelo Vitor Alves (Aka Vitó) intituladas “Quando o Homem parte” (Parte I (2003) e Parte II (2004); assisti e vibrei no seu festival de rock em 2003 e a concertos individuais de algumas das bandas que marcaram a geração sanjoanense dos anos 2000, como foi o caso dos Budhi; conversas surrealistas como as “conversas de Joaquim Aletria” com o Pedro Heitor, e humorísticas como aquelas que tive com o Edgar Pinho e o Dani Rangel sobre sketches dos Gato Fedorento, dos Monty Python Flying Circus e do Herman José; das matinés de pré-escuta de álbuns de metal e de rock acabadinhos de sair; das passagens de ano 2003/04; 2005/06 e 2006/07 que terminavam sempre com malta a escorregar no chão do interior do bar, provocado pela cerveja derramada, e com um caldo verde e um chouriço assado para os esfomeados mais resistentes; dos concursos de Dj’s e das noites de “Kararock” em que se aprendia a cantar grandes hinos do rock e do Metal ao desafio (só com instrumental e sem televisor com as letras das canções) e das noites temáticas alucinantes do “Projecto Magalhães Lemos” (onde era possível escutar canções clássicas de música moderna dos anos 80 e 90 com canções de "Jingles" publicitários da nossa infância e adolescência, canções de jogos electrónicos como o "Super Mario Bros" e do "Sonic, The headgehog" e canções de desenhos animados dos anos 80 e 90 como do "Dartacão e os três moscãoteiros" ou do "Dragon Ball"); das noites revivalistas em homenagem às grandes décadas do rock e do metal; das noites de rock e de metal onde todos nós dançámos, fazíamos "air guitar" e gritávamos os grandes hinos do rock e do metal até ao romper da madrugada; das noites de tributo a grandes bandas (eu cheguei a fazer duas noites de tributo aos Metallica e uma de tributo aos Nirvana entre 2004 e 2005) e das noites “anos 80” do DJ Anonymous (aka Rui Silva), que faziam com que eu saísse daquele bar por volta das quatro da manhã, ou mais tardar, com um sorriso nos lábios e uma vontade em regressar para mais uma noite de folia e de loucura. Isto sem falar que foi naquele bar que conheci uma pessoa e descobri um livro que mudou a minha vida…


…mas isso fica para outra altura…


Vinte anos depois, urge fazer a minha mais singela homenagem a esse amigo e a esse bar que fez de mim o homem e o escritor que sou hoje, Um bar que marcou também uma geração de sanjoanenses que faziam da noite um escape e uma celebração à vida, ao amor, ao desejo, à alegria e à amizade, onde todos nós despíamos as máscaras, vestíamos as nossas verdadeiras identidades e sentíamos mais reais do que nunca, a ponto de beijar o céu num suspiro, como nunca assisti em algum momento em São João da Madeira.


Muito obrigado, Rui Silva. Muito obrigado, Vitó! Muito Obrigado, Paulo Pintor! Muito obrigado, 10cíbeis!


Tiago Moita.


26 de Abril de 2023.


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terça-feira, 25 de abril de 2023

25 de Abril, sempre! (49 anos depois)

 


Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber 
qual é a cor da liberdade.

Jorge de Sena.

25 de Abril, sempre! 

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domingo, 23 de abril de 2023

FELIZ DIA MUNDIAL DO LIVRO (23.04.2023)


"Os livros são abelhas que levam o pólen de uma inteligência para a outra".

James Lowell 

Feliz dia mundial do livro! Que este dia (continue a ser) um alerta, um incentivo e um recado para tod@s aqueles que não entendem ou fingem não entender a importância dos livros para o futuro da Humanidade. No século XIX começou a batalha contra o analfabetismo. Que o século XXI seja o século da batalha contra a iliteracia, o "novo analfabetismo" do século XXI, bem com contra a maldita e famigerada "Cancel Culture" que está a provocar uma nova inquisição cultural que ameaça, cada vez mais, a liberdade criativa dos escritores, dos poetas e dos artistas em todo o mundo. 

Tiago Moita. 

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sábado, 22 de abril de 2023

TIAGO MOITA: 17 ANOS DE VIDA LITERÁRIA

 



TIAGO MOITA: 17 ANOS DE VIDA LITERÁRIA.

Estas duas fotografias separam dois Tiagos Moitas totalmente diferentes um do outro. Comecei um caminho sem pedir licença a ninguém, sem mapas, bússolas, padrinhos ou madrinhas que me orientassem nesse mar dos sargaços chamado Literatura. Faço hoje 17 anos de vida literária e parece que foi hoje, naquele Sábado, dia 22 de Abril de 2006, pelas 16H00, quando apresentei aquele que acabou por ser o meu primeiro livro de Poesia “Ecos Mudos” na Fnac do Gaia Shopping, que larguei as amarras da indiferença e lancei um grito para ensurdecer o silêncio do mundo. Não sabia onde me ia meter e o que é que me esperava, mas sabia muito bem que, a partir desse momento, a escrita nunca mais me ia abandonar.

17 anos depois, o que é que eu tenho para vos apresentar? Um percurso feito de oito obras publicadas, dezenas de entrevistas, sessões de apresentação e autógrafos de Feiras do Livro do nosso burgo, algumas das minhas obras no acervo bibliográfico de alguma das mais importantes e conceituadas universidades europeias e norte-americanas, de pequenas vitórias e grandes conquistas, do qual destaco aquela que, até agora, foi a maior que eu obtive ao longo do meu percurso literário: a minha primeira resenha literária numa das mais conceituadas revistas literárias de Portugal: a “As Artes entre as Letras”. Para lá de tudo isso, continuo a resumir o meu percurso, não a uma, mas a quatro que marcaram sempre a minha vida enquanto escritor e poeta ao serviço das letras, do pensamento e da escrita: trabalho, persistência, conhecimento e muito sacrifício.

Tiago Moita. 

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segunda-feira, 3 de abril de 2023

NOVA VIDA, NOVO EMPREGO

 


Gostaria de vos anunciar que desde a passada terça-feira, dia 28 de Março, que comecei a trabalhar como formador freelancer (online) de Escrita Criativa 9840, direcionada para o Marketing e para a Publicidade, na Cecoa - Centro de Formação para o Comércio e Serviços - do Porto.

Começou uma nova etapa da minha vida profissional. Não abandonei a minha vocação literária de Escritor e Poeta. Expandia-a para outros campos.

Tiago Moita.  

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