NÃO POSSO ADIAR O AMOR
Não posso adiar o amor para outro século não posso ainda que o grito sufoque na garganta ainda que o ódio estale e crepite e arda sob montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço que é uma arma de dois gumes amor e ódio
Não posso adiar ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore não posso adiar para outro século a minha vida nem o meu amor nem o grito de libertação
Não posso adiar o coração.
ANTÓNIO RAMOS ROSA (1924-2013)
Adeus nunca; para sempre...
ANTÓNIO RAMOS ROSA nasceu em Faro em 1924. Ensaísta e tradutor, dirigiu as Revistas Árvore, Cassiopeia e Cadernos do Meu Dia, que, em 1960, encerra a edição por ordem da polícia política P.I.D.E.Fez parte da M.U.D Juvenil e colaborou com inúmeras outras revistas. Poeta, com uma vasta obra, fundamental na História da Literatura contemporânea portuguesa, recebeu o prémio Pessoa em 1988 e o Prémio Europeu de Poesia em 1991. Editou mais de cinquenta obras poéticas. O seu livro de poesia "Génese", editado em 2005 pela Roma Editora, valeu-lhe a atribuição do Prémio P.E.N Club poesia.
Faleceu a 23 de Setembro de 2013.
Partiu o Homem, ficou a vida na palavra e no pensamento.
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