quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Poema "FUNERAL BLUES" DE W.D. AUDEN


FUNERAL BLUES

Parem todos os relógios, desliguem o telefone
evitem o latido do cão com um osso suculento, 
silenciem os pianos e com tambores lentos
tragam o caixão, deixem que o luto chore.

Deixem que os aviões voem alto em círculos altos
riscando no céu a mensagem: Ele está Morto.
Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos no chão
deixem que os polícias de trânsito ponham luvas pretas de algodão.

Ele era o meu norte, o meu sul, o meu leste, o meu oeste, 
a minha semana útil e o meu domingo inerte, 
o meu meio-dia, a minha meia-noite, a minha canção, a minha fala,
achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.

As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;
empacotem a lua e façam o sol desmanchar;
esvaziem o oceano e varrem as florestas;
pois nada no momento pode algum bem causar.

W.D AUDEN
 "Another Time"

(1907-1973)

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