(Foto da cortesia da Patrícia Cardoso, 29.09.2007)
ADEUS "10CÍBEIS"
Existem princípios que não deviam ter um fim e o que aconteceu ontem à noite em São João da Madeira deveria ser uma excepção à regra. Depois de seis de actividade ininterrupta e inebriante, o 10Cíbeis Bar - o meu querido "10" - encerrou definitivamente as suas portas, colocando um ponto final a um capítulo glorioso na História da vida nocturna sanjoanense.
Para trás, deixou um role de memórias feitas de loucura, animação, sorrisos, lágrimas, beijos, gargalhadas, cerveja, vinho e muito rock n' roll. Um pequeno oásis de música alternativa e animação nocturna vanguardista onde pessoas das principais tribos urbanas do Rock (Punk's, metaleiros, góticos, etc.) e amantes do rock, do metal e da música alternativa (como eu) se reuniam, confraternizavam e trocavam gargalhadas, sorrisos, confissões e gritos de êxtase e orgulho, cada vez que os "Dj's" de serviço passavam as suas canções de eleição.
Para trás, deixou-me uma saudade mastigada pela frustração de ver partir o meu principal motivo para sair à noite em São João da Madeira. Se é verdade que só passei a ter uma verdadeira vida boémia em toda a minha vida a partir de 2003, devo-a toda ao "10Cíbeis". Não encontrei lá os músicos para fundar a banda de Rock alternativo dos meus sonhos, mas conheci pessoas extraordinárias, paixões fulgurantes, canções inebriantes que ainda hoje deambulam pela minha mente como cavalos selvagens cavalgando por uma pradaria sem fim, conversas disparatadas e muito animadas com risos e muita cerveja à mistura, bandas absolutamente fantásticas e deslumbrantes que me encheram de ânimo e de orgulho, enquanto sanjoanense e português, e uma poeta e amiga muito especial que mexeu com o meu coração e revelou através de um livro a minha vocação de escritor e poeta.
Jamais esquecerei as tuas noites, "10Cíbeis". Jamais esquecerei as noites em que descobri o som de bandas como os Meshuggah, os Opeth, os Mastodon, os Porcupine Tree, os Riverside ou os Gojira; jamais esquecerei as noites de Rock e de Metal do Rui Silva, do Fred, do "Gago", do Carlos e de tantos outros que por lá passaram e deixaram a sua marca no coração de todos aqueles que arranjaram uma (excelente) desculpa para sair de casa e libertar a adrenalina que fermentaram durante a espuma dos dias para despejar na dança, na música e na bebida até ao romper da madrugada. Jamais esquecerei os concursos de D.J'S, o "air guitar" improvisado dos amantes do Rock e do Metal, as "conversas com Joaquim Aletria" do Heitor e com o Edgar Pinho e o Dani Rangel, relembrando sketches dos Gato Fedorento, dos Monty Phyton ou do Herman José. Jamais esquecerei os teus festivais de Rock em 2002 e 2003 e as peças de teatro "Quando o homem parte" (2003) e "Quando o homem parte II" (2004) feitas pelo Vitó, o dono e principal animador daquele bar que, juntamente com o Paulo Pintor, geriram o bar como ninguém. Jamais esquecerei das noites alucinantes e verdadeiramente apalhaçadas do "Projecto Magalhães Lemos" e das noites em que escrevia poesia com a Sara Costa, a Juliana Leite ou o "Gago". Jamais esquecerei...
A partir de ontem, passaste à História, mas ficarás para sempre no meu coração.
Até sempre, 10Cíbeis!
Tiago Moita
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