O SILÊNCIO SAIU À RUA
O silêncio saiu à rua sem aviso prévio
num sarcasmo saído de uma sede invisível
de rosto descalço e peito fustigado
pela febre azul do desassossego
vestia pele de cobra
com tatuagens de sombras
rosas sangue nos olhos
e um fogo índigo na alma
lavrando a palavra e o corpo
alastrava cego e surdo
como um incêndio
por entre ruas e avenidas
despia máscaras com um grito
e o poder com a presença
por onde passava
multiplicava desejos e sonhos
multiplicava-se
diluindo o medo
no lume brando da vida
não trazia relógio nem calendário
nem bilhete de identidade ou passaporte
apenas o eco exangue do estâomago
ignorado pela metafísica das sondagens
talvez precisasse de dicionários
para cada legenda dos seus uivos
talvez precisasse de agendas
para cada intervalo de fúria
Poderia ser qualquer coisa...
fulgor de chama sem sangue
pseudónimo almiscarado de uma bandeira nua
ruído de fundo de um buraco negro
poderia ser tudo...
menos silêncio.
Tiago Moita
"Post Mortem e Outros Uivos"
WorldArtfriensds/Corpos Editora
2012
2 comentários:
Magnifico Tiago! Adorei o poema! O livro promete!
abraço poético!
ana
Magnifico Tiago! Adorei o poema! O livro promete!
abraço poético!
ana
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