"CONTRA A CARNE E O TEMPO"
Assim acabava o poema "O Poema" de Herberto Hélder, que Tiago Moita e Edmundo Silva leram para abrir as hostes para mais uma noite poética mensal em São João da Madeira. O local era estreante nesta tradição de exprimir Poesia. Foi na terça-feira da semana passada, dia 3 de Junho, pelas 21H30 que, sem o universo dar conta, a Confeitaria "Colmeia" em São João da Madeira abriu as portas para a sua primeira noite mensal de Poesia, intitulada "Um Café com...Poesia", um nome que não podia ser mais do que apropriado, para retratar o ambiente que se viveu durante cerca de duas horas e meia, onde se parou tudo para ouvir e beber o silêncio que brotavam das palavras dos poetas.
Mais do que uma metáfora, foi de silêncio e alegria, misturado com o odor das delícias da confeitaria, o sabor do café acabado de sair, mas também o aroma das palavras imortais que subiam pelas gargantas de todos os que responderam ao desafio de deixar-se levar por esta tão nobre arte de dizer e exprimir Poesia, a última frase do parágrafo anterior é um retrato fiel de tudo aquilo que se passou naquela noite. Ouviram-se os "ais" de Armindo Mendes de Carvalho, e os "Fastos" de fomento da natalidade de Alberto Pimenta; as interrogações de Adília Lopes em "O rapaz e as estrelas" e as dúvidas de Nuno Júdice em "Lusofonia"; a arte poética de António Ramos Rosa, mas também a de Camões, Florbela Espanca, José Régio e J.M de Matos Vila; dedicaram-se poemas a Portugal, mas também a Deus e à mulher; riu-se de nêsperas distraídas e de poemas embriagados de humor e amor; falou-se do tempo e de namorados, viajou-se no tempo sem nunca esquecer o presente; leram-se poemas do papel, do telemóvel ou mesmo da própria memória e terminou-se, entre o riso e o pranto com o menino Jesus de Alberto Caeiro.
Entre o fulgor daquela noite, ouviram-se muitas vozes veteranas nesta arte de dizer Poesia, mas também muitos estreantes, sobretudo jovens, bastantes jovens, que enriqueceram com o seu improviso e amor a algo que não cabe nos livros de contabilidade nem em memorandos de ajuda financeira internacional, mas é tão essencial à vida de cada ser humano como a respiração ou mesmo a água.
A todos os que estiveram presentes, em nome das "Fugas Poéticas", muito obrigado.
TIAGO MOITA
Aqui ficam algumas fotos do evento.
O público presente na noite "Um café com...Poesia"
Um senhor lendo um poema do seu avô
transmontano de 1913.
A doutora Maria Teresa Azevedo
- directora da Biblioteca Municipal
de São João da Madeira - lendo o poema
"Arte Poética" de António Ramos Rosa.
O poeta sanjoanense Francisco Guedes
de Amorim lendo "O poema original"
da sua autoria
Claúdia "Kaya" Rodrigues lendo
"Os namorados de Lisboa" de
José Carlos Ary dos Santos
O Doutor Magalhães dos Santos
lendo poema "Namoradinha",
da sua autoria
A professora (e mestre em literatura contemporânea)
Cristina Marques lendo um poema.
Arlete Santos, funcionária da Biblioteca Municipal
de São João da Madeira e aluna da Universidade
Aberta, lendo o poema "O rapaz e as estrelas"
de Adília Lopes
Filipa Gomes (APROJ) lendo um poema
A poeta Ana Albergaria lendo um poema
da sua autoria, dedicado às mulheres
O aluno da Universidade Sénior lendo
um poema de Florbela Espanca
Maria Clara lendo um poema de um
poeta desconhecido (António Santos)
do seu telemóvel
Pedro Laranjeira lendo "O Cântico Negro"
de José Régio
O Doutor Magalhães dos Santos
interpretando o "Cântico Tinto"
de J.M de Matos Vila (Paródia ao
"Cântico Negro" de José Régio.
Inês, uma jovem sanjoanense, estreante
nestas noites poéticas mensais citando um
poema.
Edmundo Silva, um dos escritores e poetas
mentores e coordenadores das noites poéticas
mensais em São João da Madeira, lendo
"O Rifão Quotidiano" de Mário Henrique Leiria
Edmundo Silva lendo "O Alegre Silente"
de Augusto Gil
Francisco Guedes de Amorim lendo
mais um poema da sua autoria
Cláudia "Kaya" Rodrigues lendo o poema
"Tarde" de José Carlos Ary dos Santos
Sofia, mais uma jovem estreante na arte
de dizer Poesia nas noites poéticas mensais
de São João da Madeira, lendo um poema de
Valter Hugo Mãe.
Ana albergaria lendo um poema da sua
autoria
Um jovem citando "O poema do Menino Jesus"
de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) de cor.
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