A INVENÇÃO DA NOITE CLARA
Tal como o começo de um qualquer ária de Ópera ou trecho musical, o arranque da primeira nota é fundamental para o desenvolvimento da harmonia que deve acompanhar uma melodia como uma folha de outono acompanha o curso de um rio. O mesmo aconteceu na terça-feira da semana passada, dia 20 de Novembro, pelas 21H30 durante a oitava sessão poética mensal no Neptúlia Bar em São João da Madeira - um espaço onde a cultura e a expectativa sempre andaram de mãos dadas com a vida nocturna sanjoanense.
Surpreendido, tal como algumas pessoas que vieram assistir àquela sessão, por encontrar mais de meia-dúzia de caras novas, maioria jovens, para assistirem e participarem numa das mais emblemáticas noites poéticas da cidade e do concelho de São João da Madeira, Tiago Moita abriu a sessão com o anúncio da unificação dos nomes das duas noites poéticas nos cafés e bares da cidade sanjoanenses num só, assim como a criação de um novo logótipo, comum para todas as noites poéticas: a partir de Fevereiro, todas as noites poéticas que sejam coordenadas por Tiago Moita e Edmundo Silva nos cafés e bares do concelho passarão a chamar-se apenas "Fugas Poéticas" - o nome da página comunitária de promoção desta iniciativa na rede social facebook, activa desde Junho do ano passado - e cada meio de promoção da mesma, terá um logótipo comum, que será apresentado e aprovado pela maioria das pessoas que fizeram parte do página com o futuro nome da actual iniciativa poética independente sanjoanense.
Findo os anúncios, Tiago Moita abriu os primeiros minutos para a leitura, ou expressão, poética de poemas dedicados ao Inverno - tema (facultativo) escolhido pelos coordenadores e mentores deste projecto cultural no mês passado. Um tema apropriado ao estado do tempo que se fazia sentir em grande parte dos países do Hemisfério norte e que recebeu algum acolhimento quando o escritor e poeta sanjoanense leu um excerto de um poema de Carlos de Oliveira e outro de Filipa Leal, seguido pela leitura de um poema de Camilo Pessanha e de alguns poemas de textos de Alberto Caeiro e de poetas locais e desconhecidos.
E o evento não ficou por aqui. Mal terminaram as leituras de poemas acerca do tema acima enunciado, a Poesia livre circulou de mãos dadas com o bom humor das anedotas hilariantes do doutor Magalhães dos Santos e com momentos musicais de Paulo e Pedro Resende, na voz e na viola, e da clarinetista Catarina Rebelo da Orquestra Sinfónica de Santa Maria da Feira - esta última, presenteou-nos com uma ária de homenagem ao grande compositor Alemão J.S.Bach, ao som do seu clarinete; uma novidade nas "Fugas". Momentos idílicos onde a canção popular e a clássica se cruzaram para homenagear todas as leituras e declamações poéticas, mais ou menos fleumáticas e efusivas, de poemas Teresa Maria Queiroz, José Luís Peixoto, Tagore, Jerónimo Baía, Guerra Junqueiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Luís de Aguiar, Khalil Gibran, Ana Haterly, Suzamna Hezequiel (ex-Suzamna Guimarães), Maria Teresa Horta, Isabel Rosete, Rudyard Kipling, Edmundo Silva, Jorge Vila, Ary dos Santos, Júlio Dantas, António Ramos Rosa e Herberto Hélder, assim como alguns poemas inéditos de poetas desconhecidos, que não tiveram medo de circular naquele espaço e ritual de partilha, convívio e comunhão pela mais nobre das artes sem a qual a noite reinventa-se a cada momento e a Humanidade tenta ignorar mas não pode viver sem ela: a poesia.
Tema (facultativo) do próximo mês: o HUMOR (Toda a espécie de poemas humorísticos ou que envolvam expressões ligadas à comédia)
A próxima fuga poética é já na terça-feira da próxima semana, dia 3 de Fevereiro, na Confeitaria Colmeia (Praça Luís Ribeiro) em São João da Madeira, pelas 21H30!
Apareçam a soltem a Poesia que vive dentro de cada um de vós!
Aqui ficam as fotos dessa sessão:
Parte do público presente na sessão.
Isabel Barbosa lendo um poema de Camilo Pessanha
O doutor Magalhães dos Santos lendo um poema
inédito sobre o Inverno com M Conceição Gomes
M Conceição Gomes lendo parte do poema inédito
do Doutor Magalhães dos Santos sobre o Inverno
Uma jovem lendo um poema da sua mãe
Edmundo Silva lendo um poema do poeta Attillio Bertolucci
em...italiano!
(Foto da autoria de Raquel Gomes de Pinho)
M Conceição Gomes lendo o poema "Quando está frio no tempo
frio" de um dos mais célebres heterónimos de Fernando Pessoa,
Alberto Caeiro.
(Foto da autoria de Raquel Gomes de Pinho)
Paulo Resende cantando "Dia de Passeio"
dos Rio Grande.
Rosa Familiar (Flor Yaleo) lendo o poema
"Vou deixar-me estar assim" de Maria Teresa
Queiroz
Maria João Lobo lendo "O tempo, subitamente
solto pelas ruas e pelos dias" do livro "A Criança
em Ruínas" de José Luís Peixoto.
André de Oliveira lendo "O Caminhante" de
Rabindranath Tagore
Carla, uma estreante nas "Fugas Poéticas"
lendo "Duvido", um poema da sua autoria
Inês Severino lendo o poema "A cidade é um
chão de palavras pisadas" de José Carlos Ary
dos Santos
O doutor Ângelo Campelo declamando o célebre
poema "IF" ("Se") do poeta britânico
Rudyard Kipling
Edmundo Silva, um dos mentores e coordenadores das "Fugas
Poéticas", lendo o poema "O Autoconhecimento" do
poeta libanês "Khalil Gibran"
Raquel Gomes de Pinho lendo um poema de
Jorge Vila
Catarina Rebelo, Clarinetista de Santa Maria da
Feira, interpretando "Homenagem a J.S.Bach"
de Béla Kovacs ao Clarinete.
O doutor Magalhães dos Santos e a Raquel Gomes de Pinho
lendo uma anedota do doutor Magalhães dos Santos.
Paulo Resende cantando ao desafio a canção
"Balada São-Joanense" do doutor
Magalhães dos Santos
Pedro Resende cantando "Hallelujah" de Leonard Cohen
(Foto da autoria de Raquel Gomes de Pinho)
Joana Costa, uma estreante nas "Fugas Poéticas"
lendo o poema "Escuto" de Sophia de Mello
Breyner Andresen
André de Oliveira lendo o poema
"Dar voz às chamas prateadas do gelo do cristal"
do poeta oliveirense, natural da freguesia
de Pinheiro da Bemposta, Luís de Aguiar
(Livro "A Voz do Silêncio", Caima Press, 2000)
Pedro Resende interpretando uma canção da sua autoria
(Foto da autoria de Raquel Gomes de Pinho)
O doutor Magalhães dos Santos lendo o poema "Menina Gorda"
do poeta brasileiro Ribeiro Couto.
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