ARTE POÉTICA
O poema não nasce
do murmúrio da cinza
ou da cópula do fogo
que corre nas veias das palavras
O poema não cresce
do êxtase dos quatro elementos
ou do incêndio das feridas
transforma-se em Cosmos
com o silêncio dos búzios
O poema não pergunta
nem responde
à sublimação dos espelhos
e às epifanias dos números
reage contra a inércia do mundo
e a apatia das sombras
É sal, espinho, espelho, flor
carne, sémen, bolor. seiva
antes da menstruação do verbo
que pariu Deus
O poema é poema
antes da invenção das línguas
e da tradução dos ventos
Metanoia universal
do Tudo o Que É
Foi
e virá a Ser.
O poema existe
o poema morre
para voltar a ser poema
o poema transfigurar-se
o poema é tudo
o poema sabe
o poema
é.
TIAGO MOITA
"Metanoia"
Colecção "Prazeres Poéticos"
Chiado Editora
2016
Prestes a ser editado e distribuído em todas as livrarias de Portugal e do Brasil a partir de Março de 2017.
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