"As mulheres foram as primeiras a ficar na borda dessas frágeis embarcações e à deriva há vários dias, com pouca ou quase nenhuma comida ou água potável para si próprias e para os seus filhos, alguns deles apresentando sinais visíveis de hipotermia e má nutrição. Os olhos gritavam mais do que as bocas. As palavras vinham carcomidas, tal como os seus corpos esguios e frágeis, pela usura da fome e do frio. As lágrimas reflectiam as tribulações da sua odisseia infernal. Raros foram os marinheiros e tripulantes que se ofereceram como voluntários que não sucumbissem à tristeza durante o resgate de todos aqueles peregrinos da esperança."
Novo livro de Tiago Moita
2019
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