O audio-texto do primeiro texto do meu novo livro "Manual da Solidão" (Chiado Publishers, 2020).
PRÓLOGO
Hoje, ressuscitei na memória de um estranho. Regressei à embriaguez de existir numa esplanada a leste do rio onde fingia morrer e não era feliz.
Medi o peso das consequências antes de dar o primeiro passo, no intervalo que existe entre a eternidade e o sonho. Atirei-me de cabeça para uma realidade impossível de conceber no tempo a que pertenci.
Fui filho de uma geração que riscou a palavra Deus do dicionário. Assim como alegria, solidariedade, paz, amor e todas as palavras primitivas que esculpimos no peito e no vento, em nome de uma humanidade concebida no êxtase dos sonhos de uma adolescência esquecida.
Naquele momento de pura magia, onde tempo é uma miragem de uma memória engolida pelo sono, despimos sombras e feridas acesas entre dois dedos de conversa e um silêncio branco que posou nos nossos dedos.
Reconheci-me alfa e ómega num estranho como se estivesse a olhar para um espelho. Mergulhei no abismo de mim mesmo
E pela segunda vez neste mundo
fiquei só…
Tiago Moita
"Manual da Solidão"
Colecção "Palavras Soltas"
Chiado Publishers
2020
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