Para além do debate, contou-se também com a performance plástica da jovem escritora Sílvia Zayas: Jovem Luso-Galega que lançou nessa noite a sua mais recente obra poética "Amalaya!", na presença de artistas, escritores e outros convidados vindos de Portugal e da Galiza.
Aqui ficam algumas fotos desse evento:
Sílvia Zayas (Sentada no chão) no Filo-Café do Porto
Silvia Zayas dando início à sua performance
Alberto Miranda dando início ao Filo-Café "RITOS E RITUAIS"
Alberto Miranda dando início ao Filo-Café "RITOS E RITUAIS"
Aspecto do local aonde se desenrolou o Filo-Café
O filósofo e poeta Alexandre Teixeira Mendes batendo
palmas durante uma intervenção no Filo-Café "RITOS E
RITUAIS"
Sílvia Zayas em plena performance
Sílvia Zayas em plena performance (II)
Tiago Moita (Esquerda, ao fundo) aplaudindo uma das
Carlos Gil no Filo-Café "RITOS E RITUAIS"
A poeta luz Gomes, de monção, no Filo-Café "RITOS E
RITUAIS"
O escritor e poeta Rogério Carrola, de Vila
Nova de Sto. André no Filo-Café "RITOS E
RITUAIS"
Alguns dos convidados e amigos de Sílvia Zayas, vindos da
Galiza
Jorge Taxa intervindo no Filo-Café "RITOS E RITUAIS"
A fotógrafa Cubana Deborah Nofret (en) cantando no filo
Café "RITOS E RITUAIS"
A artista Alice Valente, de Lisboa, no Filo-Café "RITOS E
RITUAIS"
Uma foto da Escritora
e Poeta Sandra Costa
Para finalizar, deixo-vos com um excerto do livro Bilingue de poesia de Sílvia Zayas "Amalaya!"
INSTRUÇÕES PARA COMER TERRA
1. Chegar o ouvido à língua da terra:
A sua história infeliz repete lagartos falantes. Aprendo a sua
linguagem.
2. Reptar, deixar que entre:
A minha boca mastiga terra. Recinto fechado sem mundo.
Meço as minhas entranhas como quem mede um pássaro.
Sento-me na pedra contorcionista com as pernas viradas
para o cume da montanha. Doí.
3. Avançar uns metros:
Deixo espaço, imito o som da gravilha quando o vento brinca
com ela. Fumeio a poeira para cima, faço-me minúscula e plana.
Fiadas de arame rente a mim esburacam-me as costas
com as suas faces metálicas.
4. Olhar para cima com a boca cheia de terra:
Tudo se alarma longe, grande. Reza inalcançável o feixe de
luz e não me remenda sacramento nenhum.
5. Medir o movimento:
Tenho medo ao barulho do meu corpo.
6. Deixar-se estar em silêncio:
Habito uma madrigueira com pelugens de mamíferos que
nunca lá esteve. Cobre-me a mão da noite, com o mal que lhe
haja dado algum animal pré-histórico, quero deter o tempo
como a mentira do chapeleiro que obstruiu o seus relógios à
hora combinada, para me acocorar numa estrela.
7. Fazer um ritual inútil com cardos e folhada (que não
mudará o mundo):
Golpeio madeira como louca, a louca da terra, a louca da raiz, a
louca loucura.
8. Conhecer/ amanhecer:
Procuro um pássaro para me alimentar do seu voo, com
desejo exacto de ave e de cegar o ar em tantos pedaços como
pari a alma. Súbito e pele, caminha-me por cima o vesgo e olha
para mim atravessando. Ata-me ao verso. Enfeitiço-me ao
malefício do verso, ao seu estigma, à sua dificuldade em ser
quotidiana.
9. Gritar AMALAYA:
levanto-me atordoada. Malhayada, decido o movimento. O
vesgo é o poeta e dá-me o encantamento do olhar. Já não há
prodígio nenhum que me devolva a cegueira.
10. Já de pé, avançar aos saltos pela circunferência
do mundo.
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