"Nunca o poder e a cultura estiveram tão próximos um do outro como naquela tarde. Lado a lado, passeavam dois homens perfeitamente distintos. Um, fruto da providência que o sagrara soberano e esperança de toda uma nação e de um império; outro, mestre no pensamento e na palavra que fez da poesia sua vida e necessidade, sacrificando a mesma para salvar a sua obra imortal, quando o navio que o transportava naufragara na foz do rio Mekong. Dom Sebastião admirava o Tejo enquanto passeava pelos jardins do Palácio com Luís Vaz de Camões. Quatro anos antes, auxiliara-o, pagando as despesas da publicação dos "Lusíadas". Os dotes poéticos deste humanista, assim como o seu pensamento, impressionaram o soberano, que nunca mais esquecera a dedicatória que o ilustre poeta lusitano lhe fizera na sua obra. Durante aquele passeio com ele, o jovem rei não parava de lhe tecer elogios. (...)"
Tiago Moita
"O Último Império"
Chiado Editora
2012
(2.ª Edição, 2016)
Sem comentários:
Enviar um comentário