Fundado a 31 de Agosto de 2006, por Luís de Aguiar, Sara Costa, Tiago Moita, Marco Santos e Juliana Leite, a convite de Ricardo Silva, dono da Livraria Entrelinhas, fundada a 8 de Setembro de 2006, o grupo “TARDE E A MÁS HORAS” surgiu no Âmbito de colmatar uma lacuna cultural muito grande na região: a falta de eventos culturais semanais que pudessem trazer a cultura de uma forma universal e gratuita às pessoas e dinamizasse ainda mais a actividade cultural em S. João da Madeira, extremamente dependente até á data dos eventos culturais promovidos pela Câmara Municipal de S. João da Madeira ou por pequenos grupos culturais que efectuavam pequenos eventos para um número muito restrito de pessoas momentaneamente.
ESPECTÁCULO “SETEMBRO (IN)VERSO”- O BAPTISMO DE FOGO (23/09/2006)
Sob a influência do ambiente acolhedor da livraria, que só pelo aspecto e traço arquitectónico é um convite por excelência, da música dos SIGUR RÓS que tornou tanto a atmosfera do espectáculo ainda mais envolvente e do clima de expectativa e de curiosidade estampado nos olhos dos espectadores que tiveram a felicidade de assistir aquele espectáculo único, desenrolou-se num espaço de poucas horas um verdadeiro concerto de emoções e de desejos pautado pela música, pela magia da declamação que cada um dos membros do grupo efectuou a cada um dos poetas que escolheu para declamar e pela moderação do nosso ilustre poeta e membro do grupo, Luís de Aguiar.
A primeira Declamação foi efectuada pela escritora e poeta, autora do livro "A MELANCOLIA DAS MÃOS E OUTROS RASGOS" (Pé de Página, 2004), estudante também de Estudos Orientais na Universidade do Minho, Sara Costa. Sara escolheu declamar alguns versos de Camilo Pessanha – o célebre poeta, autor da célebre obra "CLEPSIDRA": Uma escolha conveniente devido à ligação que o falecido poeta teve com Oriente (Mais propriamente com Macau) envolta com a magia e a sensualidade com que Sara Costa consegue imprimir nas suas declamações poéticas.
A segunda Declamação foi efectuada por Marco Santos, elemento do grupo e ex-membro do grupo N.A.T (Núcleo Amador de Teatro), de S. João da Madeira. Fez nesse espectáculo a declamação de um poema escrito em Setembro pelo poeta Afonso Pais Vieira: Um declamação extremamente teatral e cheia de sentimento, relatando o fado (ou destino, para alguns) do nosso país, à beira mar plantado.
A terceira declamação foi levada a cabo pelo Autor do blog, Tiago Moita, escritor e poeta, autor do primeiro Livro – Enigma do Mundo, "ECOS MUDOS" (Papiro Editora, 2006), e teve como poeta escolhido, José Luís Peixoto: Uma declamação que teve como pano de fundo três poemas do livro "A CRIANÇA EM RUÍNAS" e um poema escritor pelo autor deste blog, que resume o percurso pessoal e literário do poeta alentejano:
JOSÉ LUÍS PEIXOTO
Quando nasceu, já era a escuridão
A escuridão em si, quando nasceu
Nasceu na terra das searas de trigo
E dos cantares ao desafio
Celeiro do país aonde inventaram a arrogância
Lançado para o seio da terra como um pião na mão de uma criança
Pele de uma sombra navegando ao sabor da corrente de um rio
Alguém que é eu sem o saber
Miserável, forma de homem, pessoa
Invisível numa seara, a agitar tempestades
Dentro das sombras, como um mistério
Alguém que é que não deveria ser
E ri, perante a natureza que reflecte no espelho de si próprio
Da sua caligrafia, construiu as escadas do seu destino
Quando partiu para Lisboa, filha do Tejo
Capital do país donde nasceu a palavra saudade
Como um viajante com um destino traçado
Que construiu textos de ouro, sangue e cinzas
Com os seus dedos de fumo, para rios de tinta e de papel
E apanhou o seu primeiro sol com os dois silêncios
Que minguam dentro das paredes de fumo
À custa de nenhum olhar
À custa de nenhum olhar
Começou a dar palavras aos falcões de barro
Que teimavam não escutar os seus gritos
Já antes teriam lhe dito: “Morreste-me!”
Mas tudo não passou de um eco perdido
A vaguear pelos cantos de uma casa na escuridão
Como um fio de veneno ferido pelo gume do seu antídoto
Hoje, és mais que a criança em ruínas
Que corria num pomar para abraçar o seu pai
Que podia dormir até tarde nas férias do verão, quando o sol entrava pela janela
Quando não conhecia a letra p, quando não conhecia a palavra “poema”
E comia torradas feitas ao lume da cozinha do seu quintal
És o homem que se vê através dos seus olhos
O homem vivo que sente em cada pedra
O silêncio que caminha pelo seu corpo como uma aragem
O homem vivo que sente em cada montanha
A vida e o sol a iluminarem o seu rosto
O homem vivo que sente a sua própria pureza e alegria
Em cada grão de areia que apanha desordenadamente
Na praia aonde os seus dedos largam cinzas
Nas primeiras exigências da primavera
O olhar que desenha fumo na luz
E escreve no seu peito: mãe
Ser que dormes e me fizeste nascer de ti
Para ser as palavras que não se escrevem
Agora que despi o teu corpo de sangue e de sal
Nesta existência de papel
Para os olhos deste pedaço de mundo
Que nunca enxergou as tuas palavras
Nem saboreou as lágrimas que escorrem das tuas feridas
Apago a luz que acendi junto ao teu busto de granito
Esperando que o fumo do seu suspiro vá ao encontro do teu coração
Que está sempre contigo em cada um dos quatro cantos do mundo
Que já beberam o sol das tuas sílabas e dos teus parágrafos
E decifraram o significado do teu nome
Que distribuíste juntamente com as palavras
Que atiravas aos pombos, do teu quintal, todas as manhãs
Que é o tudo que tu queres aprender
Que é o teu olhar e tudo o que imagino dele
Que é a exaustão e a liberdade sentida
Da morte que é esta caneta que não é os teus dedos
Da carne salgada, fruto do sangue da sombra do sol-posto
Que dá forma às feições do poema que é o teu rosto.
Quando nasceu, já era a escuridão
A escuridão em si, quando nasceu
Nasceu na terra das searas de trigo
E dos cantares ao desafio
Celeiro do país aonde inventaram a arrogância
Lançado para o seio da terra como um pião na mão de uma criança
Pele de uma sombra navegando ao sabor da corrente de um rio
Alguém que é eu sem o saber
Miserável, forma de homem, pessoa
Invisível numa seara, a agitar tempestades
Dentro das sombras, como um mistério
Alguém que é que não deveria ser
E ri, perante a natureza que reflecte no espelho de si próprio
Da sua caligrafia, construiu as escadas do seu destino
Quando partiu para Lisboa, filha do Tejo
Capital do país donde nasceu a palavra saudade
Como um viajante com um destino traçado
Que construiu textos de ouro, sangue e cinzas
Com os seus dedos de fumo, para rios de tinta e de papel
E apanhou o seu primeiro sol com os dois silêncios
Que minguam dentro das paredes de fumo
À custa de nenhum olhar
À custa de nenhum olhar
Começou a dar palavras aos falcões de barro
Que teimavam não escutar os seus gritos
Já antes teriam lhe dito: “Morreste-me!”
Mas tudo não passou de um eco perdido
A vaguear pelos cantos de uma casa na escuridão
Como um fio de veneno ferido pelo gume do seu antídoto
Hoje, és mais que a criança em ruínas
Que corria num pomar para abraçar o seu pai
Que podia dormir até tarde nas férias do verão, quando o sol entrava pela janela
Quando não conhecia a letra p, quando não conhecia a palavra “poema”
E comia torradas feitas ao lume da cozinha do seu quintal
És o homem que se vê através dos seus olhos
O homem vivo que sente em cada pedra
O silêncio que caminha pelo seu corpo como uma aragem
O homem vivo que sente em cada montanha
A vida e o sol a iluminarem o seu rosto
O homem vivo que sente a sua própria pureza e alegria
Em cada grão de areia que apanha desordenadamente
Na praia aonde os seus dedos largam cinzas
Nas primeiras exigências da primavera
O olhar que desenha fumo na luz
E escreve no seu peito: mãe
Ser que dormes e me fizeste nascer de ti
Para ser as palavras que não se escrevem
Agora que despi o teu corpo de sangue e de sal
Nesta existência de papel
Para os olhos deste pedaço de mundo
Que nunca enxergou as tuas palavras
Nem saboreou as lágrimas que escorrem das tuas feridas
Apago a luz que acendi junto ao teu busto de granito
Esperando que o fumo do seu suspiro vá ao encontro do teu coração
Que está sempre contigo em cada um dos quatro cantos do mundo
Que já beberam o sol das tuas sílabas e dos teus parágrafos
E decifraram o significado do teu nome
Que distribuíste juntamente com as palavras
Que atiravas aos pombos, do teu quintal, todas as manhãs
Que é o tudo que tu queres aprender
Que é o teu olhar e tudo o que imagino dele
Que é a exaustão e a liberdade sentida
Da morte que é esta caneta que não é os teus dedos
Da carne salgada, fruto do sangue da sombra do sol-posto
Que dá forma às feições do poema que é o teu rosto.
Para concluir, ficou aquilo que eu chamei a "Cereja no Bolo". Luís de Aguiar, elemento do grupo, escritor e poeta de Pinheiro da Bemposta, Concelho de Oliveira de Azeméis, autor do livro "OS FILHOS RAIANOS" (Palimagem, 2006), que teve a tarefa (in) grata de ser o MC (Mestre de Cerimónias) do nosso grupo, declamou alguns dos poemas da grande poeta Natália Correia, falecida em 1993: Uma declamação pausada mas muito envolvente e comovente, que encerrou o primeiro espectáculo do grupo com chave de ouro e aclamação por parte da imprensa local e do público que assistiu ao espectáculo, em especial.
O ESPECTÁCULO “MAUDITS” (21/10/2006)
Descendo as escadas íngremes da poesia do Século XIX, o grupo TARDE E A MÁS HORAS resolveu apostar numa sessão cultural de homenagem aos denominados Poetas Malditos, ou “Maudits” em Francês, iluminando o caminho obscuro e amaldiçoado dos
Sete poetas que revolucionaram a escrita, transportando para a corrente simbolista, que mais tarde foi responsável pela eclosão do Movimento Surrealista no século XX: A destacar Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Stéphane Mallarmé, Isidore Ducasse, Tristan Corbière e Villiers de L’isle Adam.
Perante uma plateia atenta e que foi crescendo ao longo do Serão, o grupo de Sara Costa, Tiago Moita, Juliana Leite, Luís de Aguiar, Marco Santos e de um novo elemento, natural de Carregosa, Juliana Pinho, ressuscitaram os pais do Simbolismo e do Surrealismo, ou como sublinhou Luís de Aguiar, o elemento escolhido pelo grupo nesta jornada pelo submundo dos poetas malditos “Foram eles que quebraram todas as regras, em pleno século XIX, que romperam com as regras formais e trouxeram algo de novo para a poesia”
A sessão começou com as participações de Luís de Aguiar e Tiago Moita na declamação de dois poemas de Charles Baudelaire, poeta condenado pelos seus escritos eróticos, cáusticos e provocativos, principal responsável pelo nascimento da poesia simbolista mundial e pelo lançamento das bases do Modernismo. Mundialmente conhecido pela sua obra “As flores do Mal”, Baudelaire ressurge desse jardim proibido num “Convite à viagem”, declamado por Luís de Aguiar e Tiago Moita em conjunto, e nas suas “Tristezas da Lua”, declamado por Tiago Moita a solo.
O Jardineiro das “Flores do Mal” influenciou a rebeldia métrica de Rimbaud e de Ducasse, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé e a ironia coloquial de Corbière. Marginais à sociedade com hábitos morais condenáveis, foram também os libertadores da língua, cortando as amarras convencionais e criando novas propriedades estilísticas.
Amigo de Rimbaud, poeta com quem partilhou inúmeras experiências e aventuras, Paul Verlaine recebeu uma homenagem pulsante do seu “Esboço Parisiense”, poema declamado por Juliana Leite e uma claridade lírica dos seus “Sois Poentes”, aquando da sua declamação por parte de Luís de Aguiar.
Nesta sessão, Rimbaud eleva-se numa declamação em dueto, protagonizado por Sara Costa e por Tiago Moita, em “Angústia”. Nessa parte, surgiu um pequeno desarranjo, fruto de uma pequena descoordenação da parte de um elemento convidado de nome Nicolau, que se esqueceu de fazer a declamação em Francês inicial de cada um dos poemas a partir da declamação dos poemas de Arthur Rimbaud, mas depressa foi posta de parte com a brilhante declamação do poema “Manhã” por parte de Sara Costa.
Sentado numa cadeira, qual poeta abandonado pela vazio e pelo silêncio que consome as suas feridas, Marco Santos deu início à declamação de alguns fragmentos dos Cantos de Maldoror, do Temível Conde de Lautréamont, pseudónimo de Isidore Ducasse utilizado para assinar os seus poemas e a única obra que escreveu em vida. Uma declamação compassada e melancólica, espelho do modo de ser do poeta que escolheu para homenagear.
Esgueirando-se por entre a multidão, Sara Costa e Juliana Leite deram voz aos atalhos soturnos e intelectuais de Stéphane Mallarmé. Começando com uma “Saudação”, declamado maravilhosamente por Juliana Leite, até terminar como a magnitude lírica do poema “Sinaleiro”, declamado com a mesma fluidez e brilhantismo da sua colega, por Sara Costa.
Fleumática e Fabulosa talvez sejam os adjectivos que melhor personificam a declamação poética de Juliana Pinho, o mais recente elemento do grupo, aos poemas de Tristan Corbière e Villiers de L’Isle Adam. Com a sua sintaxe sincopada e os seus gritos bizarros, Juliana Pinho acabou por conseguir transportar a alma atormentada de cada poema destes dois grande poetas malditos para os olhos dos espectadores atentos e estupefactos com a sua estonteante e deslumbrante actuação de uma rapariga que, em poucos minutos, revelou um talento natural não só para a poesia como também para a representação dramática.
Terminadas as sessões de declamação surgiu uma inesperada surpresa: pela primeira vez surgiu uma imprevista interacção entre o público e o grupo, devido a uma interpolação de uma espectadora sobre o tema da sessão. Algo de inesperado mas que demonstrou pela primeira vez uma interacção muito importante para o grupo em sessões futuras.
Sete poetas que revolucionaram a escrita, transportando para a corrente simbolista, que mais tarde foi responsável pela eclosão do Movimento Surrealista no século XX: A destacar Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Stéphane Mallarmé, Isidore Ducasse, Tristan Corbière e Villiers de L’isle Adam.
Perante uma plateia atenta e que foi crescendo ao longo do Serão, o grupo de Sara Costa, Tiago Moita, Juliana Leite, Luís de Aguiar, Marco Santos e de um novo elemento, natural de Carregosa, Juliana Pinho, ressuscitaram os pais do Simbolismo e do Surrealismo, ou como sublinhou Luís de Aguiar, o elemento escolhido pelo grupo nesta jornada pelo submundo dos poetas malditos “Foram eles que quebraram todas as regras, em pleno século XIX, que romperam com as regras formais e trouxeram algo de novo para a poesia”
A sessão começou com as participações de Luís de Aguiar e Tiago Moita na declamação de dois poemas de Charles Baudelaire, poeta condenado pelos seus escritos eróticos, cáusticos e provocativos, principal responsável pelo nascimento da poesia simbolista mundial e pelo lançamento das bases do Modernismo. Mundialmente conhecido pela sua obra “As flores do Mal”, Baudelaire ressurge desse jardim proibido num “Convite à viagem”, declamado por Luís de Aguiar e Tiago Moita em conjunto, e nas suas “Tristezas da Lua”, declamado por Tiago Moita a solo.
O Jardineiro das “Flores do Mal” influenciou a rebeldia métrica de Rimbaud e de Ducasse, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé e a ironia coloquial de Corbière. Marginais à sociedade com hábitos morais condenáveis, foram também os libertadores da língua, cortando as amarras convencionais e criando novas propriedades estilísticas.
Amigo de Rimbaud, poeta com quem partilhou inúmeras experiências e aventuras, Paul Verlaine recebeu uma homenagem pulsante do seu “Esboço Parisiense”, poema declamado por Juliana Leite e uma claridade lírica dos seus “Sois Poentes”, aquando da sua declamação por parte de Luís de Aguiar.
Nesta sessão, Rimbaud eleva-se numa declamação em dueto, protagonizado por Sara Costa e por Tiago Moita, em “Angústia”. Nessa parte, surgiu um pequeno desarranjo, fruto de uma pequena descoordenação da parte de um elemento convidado de nome Nicolau, que se esqueceu de fazer a declamação em Francês inicial de cada um dos poemas a partir da declamação dos poemas de Arthur Rimbaud, mas depressa foi posta de parte com a brilhante declamação do poema “Manhã” por parte de Sara Costa.
Sentado numa cadeira, qual poeta abandonado pela vazio e pelo silêncio que consome as suas feridas, Marco Santos deu início à declamação de alguns fragmentos dos Cantos de Maldoror, do Temível Conde de Lautréamont, pseudónimo de Isidore Ducasse utilizado para assinar os seus poemas e a única obra que escreveu em vida. Uma declamação compassada e melancólica, espelho do modo de ser do poeta que escolheu para homenagear.
Esgueirando-se por entre a multidão, Sara Costa e Juliana Leite deram voz aos atalhos soturnos e intelectuais de Stéphane Mallarmé. Começando com uma “Saudação”, declamado maravilhosamente por Juliana Leite, até terminar como a magnitude lírica do poema “Sinaleiro”, declamado com a mesma fluidez e brilhantismo da sua colega, por Sara Costa.
Fleumática e Fabulosa talvez sejam os adjectivos que melhor personificam a declamação poética de Juliana Pinho, o mais recente elemento do grupo, aos poemas de Tristan Corbière e Villiers de L’Isle Adam. Com a sua sintaxe sincopada e os seus gritos bizarros, Juliana Pinho acabou por conseguir transportar a alma atormentada de cada poema destes dois grande poetas malditos para os olhos dos espectadores atentos e estupefactos com a sua estonteante e deslumbrante actuação de uma rapariga que, em poucos minutos, revelou um talento natural não só para a poesia como também para a representação dramática.
Terminadas as sessões de declamação surgiu uma inesperada surpresa: pela primeira vez surgiu uma imprevista interacção entre o público e o grupo, devido a uma interpolação de uma espectadora sobre o tema da sessão. Algo de inesperado mas que demonstrou pela primeira vez uma interacção muito importante para o grupo em sessões futuras.
ENTREVISTA A FERNANDO VELOSO (18/11/2006)
Fugindo em direcção a uma corrente cultural, diferente da seguida nas duas sessões anteriores, o grupo TARDE E A MÁS HORAS resolveu apostar num formato diferente: a entrevista, um tipo de texto jornalístico que o grupo decidiu apostar nesse mês de forma a variar a sua actividade na Livraria Entrelinhas. Nesse mês o convidado foi o célebre pintor português, natural de S. João da Madeira, Fernando Veloso.
Fernando Veloso é um pintor que se tem destacado por inúmeras exposições colectivas nacionais e internacionais. Segundo palavras do autor, o caminho pelas artes surgiu por acaso, numa altura em que Fernando Veloso não tinha ainda qualquer perspectiva profissional “Nunca quis ser nada em especial, mas as maçãs não aparecem de geração espontânea”. Aliado o seu gosto especial pelo desenho, que foi cultivando, nos tempos livres, com a oportunidade de expor pela primeira pela primeira vez e, acidentalmente, no Bar Pede Salsa, onde “ganhava uns trocos a lavar pratos e copos”, Veloso foi definindo o seu rumo artístico a caminho de um maior aperfeiçoamento.
Chegado o ano de 1995, Fernando Veloso termina a sua Licenciatura em Ensino de Educação Visual e começa a dedicar-se à pintura, expondo de uma forma regular as suas telas em Restaurantes, Bares e em outras montras colectivas.
Rejeitando qualquer tipo de etiqueta ou fórmula conceptual que definisse o seu estilo e as suas obras, o pintor sanjoanense, e também professor de Educação Visual admitiu, porém, enquadrar-se num certo “Expressionismo Figurativo”, traduzido essencialmente em Anjos e Demónios Seminus: “Este tema sempre me cativou.” Apesar de ter tido uma certa formação católica, o artista confessou acreditar numa força superior e em todas as religiões.
Sem se importar em procurar qualquer tipo de argumento para pintar, Fernando Veloso afirma que só lê o quadro, depois da obra estar concluída, desmistificando a ideia pré-concebida de que o artista concebe a sua obra propositadamente para produzir uma determinada reacção, “Na maior parte das vezes, não é intencional e se me perguntam o que está por detrás de uma tela minha eu respondo que não está atrás mas à frente, pois o quadro é somente o ponto de partida para a interpretação de cada um.”
O nú é um dos temas recorrentes de Fernando Veloso, quer através da representação de um anjo, de um demónio ou de um simples ser humano, experimentando “transparências” bem como a nudez das suas figuras, de modo a inspirar uma aparência de sensualidade e não de sexualidade. Pois, segundo o artista, o segredo está “em saber pensar no homem e na mulher como se estivessem num bailado.”
Repetição e monotonia são palavras que não rimam nem se enquadram com a actividade de Veloso “Procuro não estar sempre a fazer a mesma coisa”, vinca. Por isso, neste momento, Veloso abandonou os corpos humanos esculpidos em árvores para se dedicar à temática anjo e demónio, bem e mal.
Quanto ao ambiente gerado pela entrevista, devo dizer que não estava à espera de tamanha atmosfera de satisfação, interactividade e de riso nessa sessão. Mérito da maneira de ser inquieta e irreverente do entrevistado que temperou bastante a entrevista com uma boa dose de sentido de humor e de à-vontade, não só fruto do seu estado de espírito, mas também dos espectadores que o questionaram, juntamente com alguns elementos do Grupo, mas também mérito do espírito de moderação e naturalidade de Sara Costa, que vestiu o papel de entrevistadora numa sessão classificada como uma das melhores sessões alguma vez elaboradas pelo Grupo TARDE E A MÁS HORAS.
O CORPO E A MENTE NAS ARTES MARCIAIS (16/12/2006)
Fernando Veloso é um pintor que se tem destacado por inúmeras exposições colectivas nacionais e internacionais. Segundo palavras do autor, o caminho pelas artes surgiu por acaso, numa altura em que Fernando Veloso não tinha ainda qualquer perspectiva profissional “Nunca quis ser nada em especial, mas as maçãs não aparecem de geração espontânea”. Aliado o seu gosto especial pelo desenho, que foi cultivando, nos tempos livres, com a oportunidade de expor pela primeira pela primeira vez e, acidentalmente, no Bar Pede Salsa, onde “ganhava uns trocos a lavar pratos e copos”, Veloso foi definindo o seu rumo artístico a caminho de um maior aperfeiçoamento.
Chegado o ano de 1995, Fernando Veloso termina a sua Licenciatura em Ensino de Educação Visual e começa a dedicar-se à pintura, expondo de uma forma regular as suas telas em Restaurantes, Bares e em outras montras colectivas.
Rejeitando qualquer tipo de etiqueta ou fórmula conceptual que definisse o seu estilo e as suas obras, o pintor sanjoanense, e também professor de Educação Visual admitiu, porém, enquadrar-se num certo “Expressionismo Figurativo”, traduzido essencialmente em Anjos e Demónios Seminus: “Este tema sempre me cativou.” Apesar de ter tido uma certa formação católica, o artista confessou acreditar numa força superior e em todas as religiões.
Sem se importar em procurar qualquer tipo de argumento para pintar, Fernando Veloso afirma que só lê o quadro, depois da obra estar concluída, desmistificando a ideia pré-concebida de que o artista concebe a sua obra propositadamente para produzir uma determinada reacção, “Na maior parte das vezes, não é intencional e se me perguntam o que está por detrás de uma tela minha eu respondo que não está atrás mas à frente, pois o quadro é somente o ponto de partida para a interpretação de cada um.”
O nú é um dos temas recorrentes de Fernando Veloso, quer através da representação de um anjo, de um demónio ou de um simples ser humano, experimentando “transparências” bem como a nudez das suas figuras, de modo a inspirar uma aparência de sensualidade e não de sexualidade. Pois, segundo o artista, o segredo está “em saber pensar no homem e na mulher como se estivessem num bailado.”
Repetição e monotonia são palavras que não rimam nem se enquadram com a actividade de Veloso “Procuro não estar sempre a fazer a mesma coisa”, vinca. Por isso, neste momento, Veloso abandonou os corpos humanos esculpidos em árvores para se dedicar à temática anjo e demónio, bem e mal.
Quanto ao ambiente gerado pela entrevista, devo dizer que não estava à espera de tamanha atmosfera de satisfação, interactividade e de riso nessa sessão. Mérito da maneira de ser inquieta e irreverente do entrevistado que temperou bastante a entrevista com uma boa dose de sentido de humor e de à-vontade, não só fruto do seu estado de espírito, mas também dos espectadores que o questionaram, juntamente com alguns elementos do Grupo, mas também mérito do espírito de moderação e naturalidade de Sara Costa, que vestiu o papel de entrevistadora numa sessão classificada como uma das melhores sessões alguma vez elaboradas pelo Grupo TARDE E A MÁS HORAS.
O CORPO E A MENTE NAS ARTES MARCIAIS (16/12/2006)
Regressando à entrevista, um formato que culminou num grande sucesso para o grupo, moderado mais uma vez por Sara Costa, a sessão iniciou-se com a abordagem ao Shaolin, uma arte marcial milenar provinda dos templos Budistas Chineses, comentada por Augusto Pinto, Mestre de Shaolin nascido em Angola em 1967, residente em S. João da Madeira há cerca de trinta anos. Sua incursão pelas artes marciais começou há 24 anos, com o TAE-KON-DO, ingressando mais tarde no KUNG-FU e no Shaolin, exercitando também TAI CHI. Para auxiliar melhor a sua dissertação, Augusto Pinto serviu-se de um projector e de um trabalho sobre o shaolin em PPS, que realçou de uma forma moderna a origem e as funções dessa arte marcial oriental.
Representando o VIET VOO DAO, estava o mestre Júlio, da ARMA, que realçou a importância da transmissão de valores éticos fundamentais para a construção do carácter da personalidade no ser humano, bem como o equilíbrio: um elemento tão fundamental para garantir a concentração e a autodisciplina essenciais para a boa prática não só dessa arte marcial de origem vietnamita, mas de qualquer arte marcial em particular. Um discurso bastante expressivo e emotivo, que, infelizmente, não foi completado com a explicação acerca da origem e das diferenças entre esta arte marcial oriental e os outros tipo de artes marciais.
Relativamente ao TAI CHI, a explicação foi levada a cabo pelo mestre Luís Rodrigues, mestre de artes marciais, nascido no Porto em 1958, praticante de Shaolin desde 1978 e de Tai Chi desde 1992, altura em que foi estudar essa arte marcial para a China, em CHEN JIA GOU, dando, neste momento, aulas sobre essa arte marcial peculiar na sede nacional de Artes Marciais Chinesas do Porto, na Universidade Católica do Porto e, há mais de 20 anos, na Escola Secundária Aurélia de Sousa no Porto. Na sua interpelação, Luís Rodrigues explanou de uma forma natural e concisa, não só a origem do Tai Chi com as vantagens da sua prática para a saúde, quer física quer espiritual, para o ser humano: Um orador exímio que não se mostrou incomodado com algumas questões feitas pelo público e que terminou uma das melhores e mais interactivas sessões culturais do grupo, com uma pequena demonstração de Tai Chi: Uma demonstração que encerrou com chave de ouro uma noite fria de Dezembro, marcada não só pela euforia da época natalícia mas também pelo prazer da cultura, servida numa sessão memorável e extremamente interactiva e empolgante.
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