quinta-feira, 22 de abril de 2021

TIAGO MOITA - QUINZE ANOS DE VIDA LITERÁRIA (2006-2021)

 

  

TIAGO MOITA - QUINZE ANOS DE VIDA LITERÁRIA (2006-2021)

Quinze anos separam estas palavras bem como estas obras que publiquei. O que hoje comemoro é a efeméride de uma resistência romântica e de uma loucura lúcida de um homem que descobriu o seu verdadeiro caminho pela palavra aos vinte e oito anos e sonhou escrever poemas, textos e livros sem tempo nem geografia. Obras que entretecem, comovessem, remoessem as entranhas dos leitores e transformassem o silêncio que ele narrasse num grito de tal ordem ensurdecedor que o mundo não tivesse outro remédio senão começar a escutá-lo.

Não me fiz escritor da noite para o dia, do mesmo modo que nunca sonhei ser um poeta; tornei-me, por força de uma sede invisível por decifrar o absoluto, dar voz ao silêncio, dar alma e corpo ao indizível sem nunca resignar-me à solidão, como uma vez disse François Maurice.

Se hoje escrevo melhor do escrevia há quinze anos, é porque aprendi que, como Samuel Johnson uma vez disse, “é a escrever mal que se aprende a escrever bem”. Não fiz o mesmo percurso que muitos escritores e poetas mais famosos e experientes do que eu. Quando comecei o percurso nas letras não tinha lido todos os clássicos nem tive um familiar, um (a) amigo (a), autor (a) ou um (a) professor (a) que me indicasse o caminho das letras, ou então, apenas despertasse o inebriante prazer da leitura e da escrita. Nunca fiz parte de círculos fechados e eruditos da comunidade intelectual e literária portuguesa, fosse através de uma cunha numa reputada editora, da atribuição de um prémio literário de grande importância ou pela mão de uma figura importante do mundo da cultura contemporânea portuguesa. Não, não fiz esse percurso. Apresentei-me como um general sem medalhas para um campo de batalha que não sabia se ia vencer ou ser vencido, um narrador de silêncios sem curriculum vitae para vencer no árduo mundo das letras, um “vagabundo de palavras e sonhos mendigando estrelas no silêncio dos cantos mais obscuros da dor” ainda ignorado pela indiferença da imprensa especializada e pelos meus pares. 

O meu percurso foi sempre feito com pulso de ferro, determinação de aço, asas abertas nos olhos, golpes de asa na ponta dos dedos, sangue, lágrimas, prazer e dor em cada palavra timbrada, cada experiência sofrida pelo sal e o fogo de cada instante. Quinze anos em que percorri Portugal de norte a sul, apresentei sete dos meus oito livros e falei para plateias interessadas ou indiferentes, palcos repletos ou quase vazios e onde, no meio da indiferença da maior parte da crítica e da comunicação social, obtive grandes conquistas e pequenas vitórias.

Contra tudo e contra todos, consegui ter tempo, vontade e plena liberdade criativa para escrever e ver publicados oito livros (três livros de poesia, três romances, um livro de contos e um de prosa poética), vi os meus dois primeiros romances a chegar à 2ª edição ainda em vida, vi as minhas seis últimas obras a serem distribuídas (online) por mais de uma dúzia de países estrageiros na Europa, na América e na Ásia, somar elogios e comentários de grandes escritores e poetas contemporâneos portugueses, vi as minhas seis últimas obras a serem elogiadas e criticadas por bookbloggers conhecidos, fiz sete digressões nacionais de apresentação e promoção das minhas obras literárias, dei autógrafos nas Feiras do Livro de Lisboa e do Porto, fui jurado num dos concursos do Plano Nacional de Leitura e o meu primeiro livro de poesia e o meu romance de estreia a fazerem parte do acervo bibliográfico das Universidades de Glasgow na Escócia e de Princeton nos Estados Unidos da América.

Fiz, tal como uma vez disse Ernest Hemingway, de cada livro escrito pela minha mão um novo começo, como se todos eles fossem as minhas primeiras obras e tentasse algo que estivesse ao seu alcance, a ponto de sentir que estivesse perto de ler “meia biblioteca”, como uma vez disse Samuel Johnson. Escrevi oito obras, conheci pessoas fantásticas, passei experiências incríveis e visitei lugares que nunca teria conhecido se não fosse a escrita.

Quinze anos separam-me destas palavras mas não comprometem o meu futuro. Orgulho-me de tudo o que passei, senti, aprendi e vivi enquanto escritor. Mais do que viver graças às minhas obras, vivi o processo da sua concepção e se ainda me vêem como um jovem, comprometido até ao fundo da alma com a palavra, a ponto de fazer da escrita não só a minha vocação como a minha eterna amante, já sabem de quem é a culpa.

Aos meus leitores e todos aqueles que sempre me amaram, amam e continuaram a amar e a acreditar em mim, muito obrigado.

Tiago Moita. 
22.04.2021    

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